Wikinativa/Tupiniquins
Tupiniquins | |||
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Dança Tupiniquim | |||
População total | |||
2630 pessoas | |||
Regiões com população significativa | |||
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Línguas | |||
Português | |||
Religiões | |||
Pentecostal e Católica |
Os tupiniquins (também chamados topinuquis, tupinaquis, tupinanquins e tupinikins) são um grupo indígena brasileiro, pertencente à nação Tupi e que habitava, até o século XVI, o sul do atual estado da Bahia e o litoral do atual estado de São Paulo, entre Santos e Bertioga . Atualmente, habitam o município de Aracruz, no norte do estado do Espírito Santo. Foram o grupo indígena com o qual se deparou a esquadra portuguesa de Pedro Álvares Cabral, em 23 de abril de 1500.
Localização
editarHabitavam, até o século XVI, a região sul do atual estado da Bahia e o litoral do atual estado de São Paulo, entre Santos e Bertioga . Atualmente, habitam três Terras Indígenas no município de Aracruz, no norte do estado do Espírito Santo, sendo elas a TI Tupiniquim, a TI Caieiras Velhas II e a TI Comboios. As TI Tupiniquim e Caieiras Velhas II localizam-se às margens do rio Piraquê-Açu enquanto a TI Comboios localiza-se as margens do rio de mesmo nome.[1]
Terra Indígena Tupiniquim [2]
- Categoria: Terra Indígena(TI)
- Situação Jurídica Atual: Homologada
- Jurisdição Legal: Domínio Mata Atlântica
- Região: Leste
- Unidade da Federação: ES
- Área Oficial: 14282 ha.
- Presença de Isolados: Não
- Faixa de Fronteira: Não
- Povos: Guarani, Guarani Mbya e Tupiniquim
- População: 2464
Terra Indígena Caieiras Velhas II [3]
- Categoria: Terra Indígena(TI)
- Situação Jurídica Atual: Homologada
- Jurisdição Legal: Domínio Mata Atlântica
- Região: Leste
- Unidade da Federação: ES
- Área Oficial: 57 ha.
- Presença de Isolados: Não
- Faixa de Fronteira: Não
- Povos: Guarani, Guarani Mbya e Tupiniquim
- População: 35
Terra Indígena Comboios [4]
- Categoria: Terra Indígena(TI)
- Situação Jurídica Atual: Homologada
- Jurisdição Legal: Domínio Mata Atlântica
- Região: Leste
- Unidade da Federação: ES
- Área Oficial: 3872 ha.
- Presença de Isolados: Não
- Faixa de Fronteira: Não
- Povos: Tupiniquim
- População: 534
Mapa Interativo
editarPopulação
editarSua população, em 1997, estava em torno de 1386 indivíduos. Em 2010 sua população cresceu para 2.630 indivíduos segundo a Funasa, estando dividida entre as Terras Indígenas (TI) citadas acima.
Etimologia
editarDeriva da expressão tupin-i-ki, significando "tupi ao lado, vizinho lateral" (in: Dicionário Etimológico Brasileiro) ou da expressão tupinã-ki, ou "tribo colateral, o galho dos tupi" (in: Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa). [5]
Adjetivo "tupiniquim"
editarAtualmente a palavra tupiniquim passou a ser usada como adjetivo para referenciar de forma pejorativo aquilo que é próprio do Brasil ou do brasileiro.
Como em cinema tupiniquim, cantor tupiniquim e filosofia tupiniquim ao invés de cinema brasileiro, cantor brasileiro e filosofia brasileira.
Língua
editarAntigamente falavam a língua Tupi litorânea, da família Tupi-Guarani, hoje os Tupiniquim usam apenas o português. [6]
História
editarOs tupiniquins tiveram importante participação na colonização portuguesa da região de Santos e Bertioga no século XVI e na fundação da cidade de São Paulo, em 1554, pelos padre jesuíta Manuel da Nóbrega. Foram aliados dos colonizadores portugueses.
O pesquisador Carlos Augusto da Rocha Freire constatou que os tupiniquins ocupavam, no século XVI, terras situadas entre o atual município baiano de Camamu até o Rio São Mateus (ou Rio Cricarê), no atual estado do Espírito Santo. Esses índios também viviam na região do rio Piraquê-Açu, onde em 1556 foi fundada pelo jesuíta Afonso Brás a Aldeia Nova.
Foram catequizados por jesuítas em Aldeia Nova, sofrendo com pragas exógenas (como a varíola) e endógenas (como as formigas, que lhes destruíram as plantações). As pragas somadas a criação do Aldeamento dos Reis Magos, em 1580, explicam a decadência da Aldeia Nova, os jesuítas e os grupos indígenas passaram então a se concentrar em Reis Magos, que logo se tornou um aldeamento populoso. Serafim Leite consignara, em História da Companhia de Jesus no Brasil, que no acampamento dos Reis Magos quase todos os índios eram tupiniquins. O aldeamento dos Reis Magos daria origem à Vila de Nova Almeida, e a Aldeia Nova, à Vila de Santa Cruz.
Em 1610, o padre João Martins obteve, para os nativos, uma sesmaria, mensurada somente em 1760. O principal centro desse território era a vila de Nova Almeida, que, na data de sua demarcação, contava com 3000 habitantes. Auguste de Saint-Hilaire registra, no início do século XIX, sua existência. Em 1860, o imperador brasileiro Pedro II encontrou-se, em Nova Almeida, com uma mulher tupiniquim, registrando o fato em seu diário. Em meados do século XIX, o pintor Auguste François Biard anotou sua presença em famílias dispersas, junto a imigrantes italianos.
No século XX, o Serviço de Proteção aos Índios instalou, no Espírito Santo meridional, um de suas zonas de atuação, sendo encontrados, em 1924, alguns tupiniquins.[7]
Avanço da Indústria
editarA partir dos anos 40, quando a Companhia Ferro e Aço de Vitória (COFAVI) começou a devastar as matas para produzir carvão vegetal, os índios chegaram a trabalhar para a empresa, fazendo derrubada. Plantavam mandioca, feijão, milho e cana, processando a mandioca com ralador e prensa de tipiti no quitungo, casa de farinha artesanal e familiar. Como nas matas da região houvesse caça à vontade, com mundéus - armadilhas de caça - os Tupiniquim capturavam mamíferos e inúmeras aves.
Naquela época os Tupiniquim não se preocupavam em documentar as suas posses. Desde que a COFAVI começou a devastar as matas da região nos anos 40, os índios passaram a conviver com alguns posseiros, sem conflitos. Para desmatar, os representantes da COFAVI diziam que a terra era do Estado, e logo transformaram matas em pastos na região da aldeia de Pau-Brasil.
As áreas tradicionais de cultivo das aldeias Tupiniquim foram cercadas e reduzidas, quando foram plantados os eucaliptos pela Aracruz Florestal, no fim dos anos 60. Seu modo de vida - o padrão de convivência que resultava da ocupação territorial - sofreu as pressões originadas da enorme redução das áreas de plantio e da fixação em determinados limites, impedindo a tradicional rotatividade das roças.
Os poucos autores que escreveram sobre os Tupiniquim assinalam que os anos sessenta foram decisivos na alteração do panorama fundiário, marcando a entrada da empresa Aracruz Florestal na região, seguida da progressiva expulsão dos índios. Nessa ocasião, o sofrimento dos índios foi acompanhado por algumas manifestações de protesto. Ao estudar os diferentes ecossistemas do Espírito Santo em 1954, o biólogo Augusto Ruschi se defrontou em Caieiras Velhas, na margem esquerda do rio Piraquê-Açu, com "80 índios Tupi-Guarani", vivendo numa área de 30.000 hectares de florestas virgens. Já em 1971 o mesmo Ruschi lamentava a forma como era arrasada a flora e a fauna, com o desmatamento atingindo os índios, pois mais de 700 famílias, entre índios e posseiros, foram desalojados da região reflorestada pela Aracruz Florestal. Foram destruídas antigas aldeias Tupiniquim como Araribá, Amarelo, Areal, Batinga, Braço Morto, Cantagalo, Guaxindiba, Lancha, Macaco, Olho d'Água e Piranema. Os índios até hoje relatam as cenas de violência e desrespeito que sofreram nas áreas visadas pela Aracruz Florestal.
Em 1975, a Funai reconheceu a presença dos Tupiniquim no Espírito Santo. O processo administrativo de identificação das terras indígenas foi conflituoso, gerando inúmeras denúncias de índios, associações e organismos diversos, a respeito dos prejuízos causados por um acordo estabelecido entre a Funai e a Aracruz Celulose, em 1980, quando os limites das três Terras Indígenas foram definidos, culminando na homologação de cada uma dessas áreas em 1983.[8]
Situação Territorial Atualmente
editarForam tolhidos de suas terras, o que resultou no acampamento em protesto, junto a índios guaranis do Espírito Santo, defronte ao Ministério da Justiça, reivindicando a efetivação da reserva indígena. Em 28 de agosto de 2007, o governo demarcou as terras reivindicadas pelos tupiniquins, que ficaram acampados em área usada para a plantação de eucaliptos da empresa Aracruz Celulose.
Aspectos Culturais
editarOs Tupiniquim mais antigos não se recordam de ter conhecido regras matrimoniais ou qualquer outra norma de parentesco diferente das de hoje, cujas prescrições são idênticas às da população rural. Dos ancestrais, os índios herdaram o receio em utilizar a língua indígena, totalmente perdida em reminiscências esparsas. Os avós dos atuais Tupiniquim conheciam a língua, mas tinham deixado de empregá-la porque eram ameaçados, deixando então de ensiná-la aos mais jovens, desde o início do século. Os índios mais velhos ainda se referem ao língua, índio que tinha o papel de tradutor, falava bem o português e a língua indígena, recebendo as visitas e conversando com os índios das matas que vinham para as aldeias participar da Dança do Tambor (Banda de Congo) nas festas religiosas.
As festas eram nos dias de São Benedito, Santa Catarina, São Sebastião e Nossa Senhora da Conceição, durando de dois a três dias: os índios tiravam o mastro da mata, e o Capitão do Tambor, todo ornamentado, usando bastão e cocar, comandava a Banda, saindo a convocar os índios para a dança, de casa em casa. Na ocasião, as índias preparavam uma bebida, a coaba, feita com aipim fermentado, enquanto os índios empregavam como instrumentos de percussão a cassaca (reco-reco antropomorfo) e o tambor, feito de madeira oca, recoberto de couro.
Esses rituais ocorriam em Caieiras Velhas, Pau-Brasil e Comboios, havendo intercâmbio entre as duas primeiras, quando os índios atravessavam as matas atrás das festividades. Hoje a Dança do Tambor só permanece em Caieiras Velhas. Antigamente o Capitão do Tambor detinha prestígio e era também reconhecido como curandeiro (rezador) pelos demais índios. Os Tupiniquim se declaravam católicos, pois as igrejas pentecostais só se instalaram na região recentemente, quando atraíram famílias indígenas para suas denominações.
Apenas o Capitão do Tambor tinha ascendência sobre as famílias de uma aldeia, se responsabilizando pela reprodução das tradições culturais entre os índios. A Dança do Tambor reforçou o intercâmbio e integração simbólica dos Tupiniquim, foi a cultura residual que deu suporte à ressurgência indígena, possibilitando o estabelecimento de uma distintividade cultural que os identificava frente à população regional, não como índios selvagens, uma representação muito difundida, mas como caboclos Tupiniquim.
A partir da luta pela demarcação das Terras Indígenas Tupiniquim na década de 70, surge em cena o Cacique, categoria social que vai expressar as novas articulações que se estabelecem entre os indígenas, que reconheciam anteriormente apenas o Capitão do Tambor. A figura do Conselho Comunitário surge junto com a do Cacique. Os Conselhos das aldeias, através das lideranças Tupiniquim e Guarani, participaram ativamente dos trabalhos de identificação das Terras Indígenas, junto com os respectivos Caciques. A luta pela ampliação de seus territórios produziu uma organização política formal, denominada Comissão de Articulação Tupiniquim e Guarani, mas são os problemas cotidianos e imediatos - desmatamentos, improdutividade de terrenos, plantios, falta de assistência - que mantêm a coesão entre lideranças e comunidades, fortalecendo a disposição reivindicatória de todas as aldeias.[9]
Referências
editar- ↑ Povos Indígenas no Brasil - Tupiniquins Localização
- ↑ De Olho nas Terras Indígenas - Terra Indígena Tupiniquim
- ↑ De Olho nas Terras Indígenas - Terra Indígena Caieiras Velhas II
- ↑ De Olho nas Terras Indígenas - Terra Indígena Comboios
- ↑ Wiktionary
- ↑ Povos Indígenas no Brasil - Tupiniquins Língua
- ↑ Povos Indígenas no Brasil - Tupiniquins Historia
- ↑ Povos Indígenas no Brasil - Tupiniquins Irrupção das grandes empresas
- ↑ Povos Indígenas no Brasil - Tupiniquins Cultura