Umutinas(Balotiponés)
População total

445(2009, Associação Indígena Umutina Otuparé)

Regiões com população significativa
Barra do Bugres,MT,Brasil
Línguas
Família ''Bororo''(Tronco Macro-Jê)
Religiões
Politeísta e acreditam na vida pós-morte
Grupos étnicos relacionados
Bororos,Paresí,Habusé

O grupo indígena Umutina (autodenominado Balotiponés, e também conhecidos como "Barbados") reside próximo ao rio Paraguai, em Barra dos Bugres, MT. Devido a interesses econômicos de fontes extrativistas com relação a mata de poaia próxima a região, houve muitos conflitos na região e que deram a essa tribo a fama de "aguerridos", devido ao modo que lutavam para impedir a invasão de suas terras pelos "não-índios". Os conflitos foram parcialmente resolvidos por Coronel Rondon em 1911, porém os índios umutinas foram quase extintos nos anos seguintes por doenças.Atualmente, os descendentes buscam restabelecer a comunidade e resgatar seus conhecimentos tradicionais e cultura.

Localização editar

Atualmente os umutinas habitam às margens do rio Bugres, entre os municípios de Barra dos Bugres e Alto Paraguai, no Mato Grosso, após um grande histórico de conflitos que levaram a quase extinção desse povo. Dividem-se em duas aldeias, a Umutina e a Balotiponé, com maior presença populacional na aldeia Umutina. Anteriormente habitavam a margem o rio Paraguai com uma grande extensão sob seu domínio.

Mapa Interativo editar

Coordenadas: -15.0738,-57.1741

15.0738° ' S 57.1741º ' W

História editar

Os índios umutina foram inicialmente chamados de "Barbados" pelos "brancos" devido as suas barbas feitas de cabelo;porém se denominavam Balotiponés, que significa "gente nova". Somente depois de se unirem aos povos Paresíe Nambikwara passaram a se chamar Umutina, cujo significado é "índio branco".

Conflitos editar

A partir do fim do século XIX começaram os conflitos de forma mais sangrenta entre os umutinas e os "brancos". Esses índios ficaram caracterizados como um dos povos mais guerreiros na defesa de suas terras, impedindo a penetração em suas terras.

Até que em 1911, Coronel Rondon juntamente com o SPI, conseguiram uma pacificação. Apesar disso ainda houve mais ataques, e muitas epidemias assolaram os indígenas, causando muitas mortes e reduzindo drasticamente a população umutina. Em 1945 houve uma união de alguns povos indígenas junto aos Balatiponés(Umutinas) para impedir a perda de toda a população. Contudo isso teve um grande prejuízo, que foi a "educação" dos indígenas pelos "brancos", causando perdas étnicas aos membros.

Esses conflitos junto com doenças praticamente dizimaram a população chegando a restarem somente 15 indivíduos no ano de 1945. Apesar da perda de muitos elementos culturais tradicionais devido ao contato praticamente predatório, há um grande esforço por parte da população remanescente em ser reconhecido como um Umutina, ou seja, ainda há uma grande identificação étnica.

Língua editar

Infelizmente, os umutinas não falam mais sua língua nativa, decorrente do contato com o "branco" e de toda a questão histórica de conflitos, que resultou em grande perda de contingente populacional e fez com que os sobreviventes fossem educados de acordo com a cultura dos "não-índios" e estabelecendo o Português como língua dominante; contudo sabe-se que a língua nativa é classificada como da família Bororo, tronco Macro-Jê e que seus membros lutam por um resgate da cultura e da língua tradicional desse povo.

Cosmologia e Religiosidade editar

Os índios umutinas acreditavam que a criação do povo se baseava em Haipuku de onde nasceu o casal de índios Umutina e Habusé. Há também o mito do Sol(Míni) e da Lua(Hári) em que a Lua havia morrido e o Sol a ressuscitou envolvendo-a numa esteira de palha;por isso os índios utilizavam a esteira de palha como cama, mortalha, tendo uma grande importância. Eles acreditavam serem dotados de três almas: uma que vai para o céu, outra que reencarna em animais e uma terceira que tem um destino desconhecido. Quando morriam, os umutinas eram enterrados com sua esteira de palha dentro de sua casa e família permanecia e relutava em sair da casa. Em suas casas viviam aves que eles acreditavam conter a alma dos parentes falecidos.

Nas festividades um chefe recebia a palha de buriti e mandava as mulheres prepararem as vestimentas para os rituais .Esses rituais incluíam danças que eram dedicadas aos espíritos da caça, da pesca, da lavoura e aos ancestrais. Essas tradições religiosas deixaram de serem praticadas pelos remanescentes da tribo devido ao contato com o "branco" que fez os umutinas perderem muitos de seus costumes tradicionais,como a cultura, religiosidade, e língua que hoje buscam resgatar.

Aspectos Culturais editar

O povo Umutina somente possuía um líder, a qual todos obedeciam, em períodos de conflitos, apesar das famílias serem orientadas sempre por um índio e uma índia mais velha cuja opinião é de muita importância. O casamento era decidido pelos pais da moça pretendida e o noivo deveria ser um bom caçador para ser aceito pelo sogro.

A base da alimentação é o milho. Não consumiam bebidas fermentadas ou o tabaco. Atualmente na Terra Indígena Umutina são cultivados alimentos para subsistência e também pescam o ano todo nos rios próximos. Se utilizam de produtos industrializados das cidades próximas

Homens e mulheres utilizavam adornos feitos de dentes de animais, penas de aves e pequenas cabeças que serviam como protetores contra maus espíritos. A pintura corporal também é tradicional com símbolos que representam os animais da região.

Medicina Tradicional editar

A medicina utilizava ervas medicinais para combater diversos males. Entretanto nas comunidades atuais remanescentes não se encontram mais médicos-feiticeiros, expulsos por terem se tornado uma ameaça segundo a história umutina. Além disso a perda de conhecimentos de antepassados causado pelo contato com o homem branco figura também entre os possíveis motivos de perda da medicina tradicional. Atualente utilizam algumas plantas como a poaia.

Situação Territorial editar

Desde 1989 a Terra Indígena Umutina está homologada, com área de 28.120 hectares, nos municípios de Barra do Bugres e Alto Paraguai, abrigando duas aldeias(Umutina,Balotiponés). Contudo durante os anos dos primeiros contatos grande parte do território umutina,que se estendia desde o rio Bugres até o rio Cuiabá foi perdido por interesses econômicos, devido a conflitos e doenças trazidas pelo "homem branco". Com isso a população e principalmente a cultura umutina foram praticamente exterminadas restando hoje em dia somente resquícios desse grupo.

Fontes de Referência editar

[1] Enciclopédia Povos Índigenas no Brasil

Demarquet, Sônia de Almeida, 1982 - Informação indígena básica IIB n. 041/82-AGESP/Funai sobre os Umutina

Lima, Abel de Barros, 1984 - Avaliação da situação Umutina

Prêmio Culturas Indígenas – Edição Xicão Xukuru, 2008, São Paulo, SESC-SP:

Projeto ‘Os Filhos de Haipuku’

Projeto ‘Ixipá Jukupariká - Casa de Farinha’, enviado pela Associação Indígena Umutina Otoparé (Mulheres Valentes)

Projeto ‘Noysuka (babaçu) na Cultura Umutina’, enviado pela Associação Indígena Umutina Otoparé (Mulheres Valentes Guerreiras)

Projeto ‘Zári - Casa dos Homens’, enviado pela aldeia Balotiponé

Povos Indígenas no Brasil 2001/2005, 2006 - Instituto Socioambiental

Schultz, Harald, 1952 - Vocabulário dos índios Umutina – Journal de la Societé des Américanistes, N.S., 41:81-137;

1953 - Vinte e três índios resistem à civilização, Edições Melhoramentos


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Referências Externas editar

--Ghn1712 (discussão) 21h28min de 13 de abril de 2013 (UTC) Guilherme