Wikinativa/Vanessa C R Rangel (vivencia Guarani 2016 - relato de experiência)

Nome: Vanessa C. R. Rangel nº USP 7704690

  Através da disciplina optativa Seminários de Políticas Públicas Setoriais 2 - Multiculturalismo e Direitos oferecida pela EACH/USP para os alunos dos cursos de Gestão de Políticas Públicas e Gestão Ambiental, foi nos dado a oportunidade de participar e conhecer a cultura indígena.
  Para que essa visita fosse realizada com sucesso, tivemos ao longo do semestre quatro aulas, onde debatemos sobre aspectos políticos e sociais que envolvem a cultura indígena. 

Também nestes encontros nos organizamos no que diz respeito à estrutura para nossa visita (arrecadação, lazer, alimentação, entre outros). Eu fiquei responsável, junto com outros colegas, pelas arrecadações (alimentos, livros, roupas, etc.).

  Parti, no dia 28 de Outubro, sentido a Aldeia Guarani Rio Silveira, que está localizada na Mata Atlântica, KM 183 na rodovia Manoel Hipolyto Rego. A reserva faz divisa com os municípios de Bertioga e São Sebastião e conta com uma belíssima praia está a menos de 1km distante da aldeia.
  Confesso que estava extremamente curiosa com o que estava prestes a vivenciar nos dias seguintes.
  Ao chegar no local, fomos muito bem recebidos pelos nativos, principalmente pelas crianças - com olhares curiosos e afáveis.
  Começa aí nossa aventura!


Primeiro dia

Assim que chegamos, fomos nos instalar. Montamos nossas barracas e demais instalações. Separamos as doações que conseguimos, e eu, em particular, fui participar do preparo da primeira refeição. Foi um tanto difícil participar do preparo do primeiro almoço. As mulheres, com todo amor e carinho, diziam que estavam ali para nos “servir”. Mal sabiam que nós que estávamos ali para servi-los. Essa experiência do preparo dos alimentos foi tão simples, mas ao mesmo tempo tão incrível, pelo simples fato do carinho dado á nós. Por todo o cuidado que elas tiveram com os preparos dos alimentos.

  Após o almoço coletivo, foi realizada a primeira atividade prevista no cronograma “Esportes e Gincanas”, que por fim se juntou a atividade de “Brincadeiras”. 
   Notei ali, nessas atividades, a sutil diferença entre as crianças da aldeia comparada as da “cidade”. Eles são mais abertos, mais receptivos; possuem um traço de “o mais velho cuida dos mais novos”.
  Anoiteceu, e um grupo de alunos foram convidados para a cerimônia na Casa de Reza. Ali, além do ritual religioso, foi realizada uma roda de discussões sobre: modo como vivem, lutas sociais e políticas, diferenças que acontecem  na mudança de gerações.
  Ouvi relatos de que a experiência religiosa foi algo mágico. A energia, os cantos e falas do Pajé emocionaram todos que estavam presentes. 
  Assim se encerrou o primeiro dia.


Segundo dia


  Acordei com os galos, literalmente. 
  Tomamos café da manhã (e que café delicioso), e logo saímos para a principal atividade do dia: TRILHA!
  Apesar dos contratempos, o saldo positivo prevaleceu. Nunca tinha feito uma trilha e esta, certamente, fez com que eu despertasse o interesse por fazer mais vezes.
  Voltando ao acampamento, o almoço carinhoso nos esperava.
   Logo em seguida, houve diversas atividades e uma delas foi a RODA DE CONVERSA com as mulheres da tribo. Para mim, foi uma das melhores atividades em termos de conhecimento cultural.

Apesar da dificuldade do idioma, pois muitas não falam o português fluentemente, e da timidez das mesmas, foi extremamente encantador. Foram discutidos diversos temas como: saúde da mulher; casamento; educação; tradições.

  Após o jantar, um segundo grupo de estudantes se encontraram na casa de reza. A cerimônia em questão foi a de PURIFICAÇÃO. Há quem diga que foi algo emocionante, onde se instalou a sensação de profunda gratidão e tranquilidade. 
  A segunda noite se encerrou em volta de uma deliciosa fogueira, com música, e compartilhando momentos.


Terceiro Dia


  Por motivos pessoais, precisei voltar para São Paulo logo pela manhã. 
  A imersão na Aldeia Rio Silveiras me proporcionou um aprendizado único, não só pela maneira como vivem, mas pelos valores que eles pregam.
  Saí de lá com as definições de companheirismo e humildade completamente mudadas. Me senti acolhida do momento que cheguei ao momento que sai. Me senti querida.
  Se eu pudesse aconselhar os novos alunos de Gestão de Políticas Públicas, eu diria “Faça esta disciplina, ela muda totalmente nossas concepções”.


  Meu agradecimento à todos os envolvidos e especialmente ao Pajé e ao professor Jorge Machado, que nos deu a oportunidade de sairmos de nossa zona de conforto e voltarmos com novas visões de vida.