Wikinativa/Vivência na aldeia Guarani Rio Silveiras 2016/Carolinne Pinheiro

O presente artigo refere-se ao relatório individual, tido como parte da formação na disciplina ACH3707 - Seminários de Políticas Públicas 2 | Multiculturalismo e Direitos, disciplina esta que é vinculada ao curso do Bacharelado em Gestão de Políticas Públicas da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, e teve como docente responsável o Professor Doutor Jorge Machado.

Introdução

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Durante o segundo semestre do ano de 2016 foi disponibilizada como optativa livre a disciplina ACH3707 - Seminários de Políticas Públicas 2 | Multiculturalismo e Direitos, sob orientação do Professor Doutor Jorge Machado. Embora a disciplina seja vinculada ao curso de Bacharelado em Gestão de Políticas Públicas da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, alunos e alunas de outros cursos de bacharelado e/ou licenciatura da Universidade de São Paulo puderam se matricular na mesma.

As aulas de formação

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Devido à característica formal da disciplina de ser de livre escolha dos discentes, durante sua realização contamos com alunos e alunas dos mais diversos cursos da Universidade de São Paulo, concentrados majoritariamente naqueles vinculados ao campus USP Leste:

  • Gestão de Políticas Públicas;
  • Sistemas de Informação;
  • Têxtil e Moda;
  • Gestão Ambiental;
  • Ciências da Natureza;
  • Educação Física e Saúde;
  • Obstetrícia;
  • Gerontologia.

E também existiu a presença de estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, sendo estes vinculados aos seguintes cursos:

  • Geografia;
  • Ciências Sociais.

De modo geral, a pluralidade de cursos e formações propiciaram ao coletivo uma gama de experiências e visões tão disruptivas quanto a própria imersão: as diferentes noções de mundo, as diferentes características acadêmicas e até mesmo profissionais corroboraram para uma discussão ampla, rica e consistente dos mais diversos assuntos relacionados não só à História e à Cultura Guarani, mas como o poder público, o Estado, a gestão governamental pode interferir - ou não - na realidade da população indígena no Brasil.

Durante as aulas tivemos contato com textos, vídeos e discussões sobre a situação atual da Aldeia Indígena Rio Silveiras, e também de outros povos. Como

A imersão na Aldeia Rio Silveiras

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Depois de alguns meses de planejamento, leituras e estudos sobre a população Guarani, eis que no final do mês de outubro de 2016 embarcamos para a imersão que aumentaria nossa superfície de contato com a cultura e história Guarani: uma viagem que durou cerca de quatro dias na Aldeia Indígena Rio Silveiras, localizada no município de Bertioga, litoral do Estado de São Paulo.

De muitos e muitos pontos de vista a imersão foi disruptiva e engrandecedora: nos proporcionou conhecer, de forma mais próxima, como é a comunidade indígena, especificamente a Aldeia Indígena Rio Silveiras.

Divididos em diversos grupos - embora o trabalho tenha sido coletivo e para além das formalidades das divisões -, nós, alunos e alunas, fomos responsáveis por realizar diversas atividades na Aldeia, que foram de encontro a oficinas de artesanato, música, brincadeiras, pintura corporal, etc. A divisão serviu para garantir a autonomia dos grupos, e também para organizar todos os trabalhos que planejamos em fazer.

O grupo de Cultura e História Guarani, por exemplo, ficou empenhado, entre outras coisas, de realizar a captura das imagens de relações e experiências que nos cercaram. De modo mais didático, é válido dizer que ficamos responsáveis por criar uma leitura da nossa visão para com a experiência através de um vídeo-documentário.

Opinião

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De certo modo, todas as experiências vividas foram bastante enriquecedoras para minha vida pessoal e profissional, uma vez que sou Gestora de Políticas Públicas; mas é bem verdade que algumas situações me deixaram desapontada, e elas estão relacionadas a questões de gênero, de sexualidade, de liberdade de expressão e igualdade.

Com relação à questão de gênero, todos puderam observar a diferença no tratamento entre as meninas e os meninos: as meninas são impulsionadas a se resguardar, a não saírem das intermediações da aldeia e têm sua diversão diminuída - como, por exemplo, não podem ir às cachoeiras.

Já no que se refere à sexualidade, nos foi explicado que há, na aldeia, a chamada hétero normatividade: mulheres devem gostar de homens; homens devem gostar de mulheres. Caso haja algum caso aparente de homossexualidade, as pessoas envolvidas são expulsas da Aldeia, e devem desvincular sua imagem da mesma.

No que diz respeito à liberdade de expressão, em algumas ocasiões não pude deixar de reparar que os homens impões suas opiniões sobre as das mulheres: é como se elas não tivessem voz. As opiniões que elas têm sobre determinada questão é silenciada se há, na conversa, algum índio homem.

Por fim, devido às questões supracitadas pude concluir que a Aldeia Indígena Rio Silveiras é desigual. Em alguns momentos mais informais pudemos conversar acerca desta visão com o Pajé. De fato, ele assumiu algumas impressões que tivemos; em outras questões nos tranquilizou dizendo que há, sim, espaço para as mulheres.

Referências

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