Educação Aberta/The foundations of social research

Resumo e discussão sobre o texto CROTTY, M. J. The foundations of social research: Meaning and perspective in the research process. Thousand Oaks, CA: Sage, 1998.

O processo de pesquisa editar

Aprendizagem de andaimes – uma estrutura guia para aqueles que querem explorar o mundo da pesquisa. Ponto de partida – responder duas questões:

   1. Que métodos e metodologias serão empregadas na pesquisa proposta?

   2. Como justificamos e escolha delas?

Responder a última pergunta revela os propósitos da pesquisa e alcança as pressuposições sobre a realidade que será tratada no trabalho. Responder sobre esses pressupostos é responder sobre a perspectiva teórica.

como os observadores devem considerar os resultados que apresentamos diante deles? Por que eles levariam isso a serio?

Se transformam em quatro:

  1. Que métodos vamos usar?
  2. Que metodologia organiza nossa escolhe e uso de métodos?
  3. Que perspectiva teórica está por trás da metodologia em questão?
  4. Que epistemologia está ligada a essa perspectiva teórica?

Métodos – técnicas e procedimentos que usamos para reunir e analisar dados.

Metodologias – estratégia, plano de ação, processo ou desenho por detrás da escolha e do uso específico dos métodos, que também liga essas escolhas aos resultados desejados.

Perspectiva teórica – uma posição filosófica que informa a metodologia e provê um contexto para processar e fundamentar sua lógica e critérios

Epistemologia – a teria de conhecimento embarcada na perspectiva teórica e consequentemente na metodologia. Como sabemos o que sabemos? (construtivismo)

Estrutura: EPISTEMOLOGIA > PERSPECTIVA TEÓRICA > METODOLOGIA > MÉTODOS

Exemplos:

  • CONSTRUTIVISMO > INTERAÇÃO SIMBÓLICA > ETNOGRAFIA > OBSERVAÇÃO ‘PARTICIPANTE’
  • OBJETIVISMO > POSITIVISMO > PESQUISA POR QUESTIONÁRIOS > ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os elementos podem ajuda a garantir a solidez da pesquisa e fazer os resultados mais convincentes. Apresenta os elementos de ordem inversa (começando com método e subindo até epistemologia).

Métodos de pesquisa editar

Primeiro, nós descrevemos as técnicas e procedimentos que planejamos usar. São algumas atividades que nos auxiliam a reunir e analisar nossos dados, os métodos de pesquisa. Dado o objetivo de identificar e justificar os métodos de pesquisa, é importante descrever esses métodos o mais específico possível. É necessário indicar que tipos de entrevistas são, que técnica de entrevistas serão utilizadas, que tipos de entrevistas serão conduzidas...o que entendemos por temas, que grau de participação terá a observação etc.

Metodologia de pesquisa editar

É o desenho de pesquisa que engloba os métodos apontados e os liga aos resultados desejados.  É uma explicação da lógica na escolha de métodos e da forma como eles serão empregados.

Exemplo: a pesquisa etnográfica, na linha da interação simbólica, procurar descobrir significados e percepções sob a perspectiva dos participantes e por isso aplicam entrevistas não-estruturadas e formas não diretas de questionamento.

Perspectiva teórica editar

A posição filosófica da nossa metodologia escolhida – o contexto para processar e fundamentar a lógica e os critérios da pesquisa. Toda metodologia traz uma séria de suposições – indicar essas suposições vai levar à descoberta da perspectiva teórica.

Usar a observação como método, por exemplo, pressupõe questões de linguagem e questões de intersubjetividade e comunicação. E como levamos em conta essas suposições? Expondo nossa visão do mundo e da vida social nesse mundo, onde essas suposições estão fundamentadas. A interação simbólica é uma perspectiva teórica que fundamenta essas suposições de maneira mais explícita, na medida em que “considera a visão do outro e considera o pesquisador como um participante do estudo”*

Uma forma de olhar o mundo e dar sentido a ele.

Epistemologia editar

Como sabemos o que sabemos? Lida com a natureza do conhecimento, sua possibilidade, seu objetivo e sua base geral. Como saber se esse conhecimento é adequado e legitimado. Exemplos:

  • Objetivismo – uma árvore existe independentemente de uma pessoa para contemplá-la. Da perspectiva etnográfica, com o método certo, é possível descobrir a verdade a partir de entendimento e valores.
  • Construtivismo – não há significado se uma mente. Significados não são descobertos, mas construídos – muitas pessoas constroem significados de diferentes maneiras, mesmo se relacionados aos mesmos fenômenos.

Ontologia editar

Ontologia é o estudo do existir, do ser. Está relacionado à natureza da existência, com a estrutura da realidade como é.  Questões de epistemologia e ontologia tendem a surgir juntas – a conversa sobre a construção de sentido, de significado está relacionada à forma de dar sentido à realidade.

REALISMO e OBJETIVISMO, por exemplo, tem por base as mesmas premissa – como as coisas são, funcionam.

REALISMO E CONSTRUTIVISMO também podem surgir juntos. “Aceitar que o mundo existe independentemente da consciência não significa que sentido existe independentemente de consciência.”

Por isso, podemos lidar com questões ontológicas a medida em que surgirem, sem expandir o esquema para incluir ontologia.

Em todas as direções editar

Voltando às setas, note que vão do ‘menor para o maior”.

  1. Sem problemas, mas existem algumas restrições nas duas primeiras colunas – epistemologia e perspectiva teórica (algumas não são aceitam). De resto, se atendem aos propósitos da pesquisa, qualquer perspectiva teórica pode fazer uso de qualquer metodologia e qualquer dessas pode fazer uso de quaisquer métodos disponíveis.
  2. ?
  3. Podemos levar a seta do maior para o menor também. Normalmente a pesquisa parte de uma questão da realidade que precisa ser respondida e não do enquadramento epistemológico do pesquisador; mas como a pesquisa precisa ser escrutinada, e demonstrada de forma séria e legitima, o processo trará a tona a forma de fazer isso, o que levantará, ainda que antes da metodologia e métodos finais, as linhas epistemológicas e perspectivo-teóricas.
    1. Mas se cada passo do pesquisador nos mostraria uma metodologia específica, porque nos preocupamos em desenhar o esquema? Nos debruçar nos desenhos de pesquisa já conhecidos pode nos mostrar muitos caminhos possíveis

Qualitativo versus quantitativo editar

No modelo seguido no texto, a distinção entre quantitativo e qualitativo surge nos métodos. Não acontece no nível da epistemologia ou da perspectiva teórica. Mas usualmente separam objetivistas/positivistas de um lado e construtivistas/ subjetivistas de outro e são considerados muitas vezes opostos. “Nosso” modelo não considera isso justificável. O método deve ser usado na medida em que serve aos propósitos da pesquisa. Conhecimento científico é apenas uma forma específica de construir conhecimento desenhada para servir a propósitos específicos.

Positivismo - A marcha da ciência editar

Positivismo não vem de positivo no sentido de bom, mas no sentido de (postulado, construído, dado) em contraposição ao natural, dado (natural por que parecer decorrer da natureza das coisas).

A base dessa ciência positiva é a experiência direta, não a especulação. Mais do que percorrer um processo de racionalidade abstrato, a ciência positiva procede de um estudo do que é dado, postulado, observado a partir de métodos científicos.

Positivismo de Comte editar

Defendia a adoção de um método único (ainda que flexível) que pode ser aplicado em diversos contextos. Ele colocou as ciências em hierarquia (da matemática até a sociologia). Ele avisa sobre os perigos das abordagens matemáticas. Nem era um objetivista puro. Para ele, conhecimento científico não é agarrar conhecimento objetivo independentemente do pensamento social ou das condições sociais. Assim como Marx, Comte reconheceu que a consciência humana é determinado pelo social.

A fonte de informação dele é a ordem que ele acredita que pode ser encontrada no mundo. Você deve procurar pelas leis que podem ser estabelecidas cientificamente – para fatos que caracterizam tipos particulares de seres e relações constantes por meio de: observação, experimentação e comparação.

Nenhum fato social pode ter um significado científico até ser conectado com outro; sem essa conexão é apenas uma anedota, sem utilidade racional.

Comte é eminentemente histórico na sua abordagem – ele suporta que diferentes fases da história humana são caracterizadas por seu jeito de pensar.

O círculo de Viena e o positivismo lógico (1920-1938) editar

Tentaram introduzir os métodos das ciências naturais (métodos e exatidão da matemática) no estudo da filosofia.

O principio da verificação – o centro da logica positivista. Pelo principio da verificação, nenhuma afirmação é significativa se não pode ser verificada. E para verificar, só há duas formas:

  1. Afirmações analíticas - uma proposição analítica é aquela cuja atribuição de um predicado a um sujeito pode ser verificada e sua significância assim estabelecida, simplesmente através de uma análise do que um sujeito é. A corça é um veado fêmea. Isso pode ser verificado simplesmente no exame da definição de corça. Assim como dois mais dois são quatro, porque quatro foi criado para explicar o que é dois mais dois. Proposições analíticas são tautológicas (sempre verdadeiras) ou contradições.
  1. Afirmações sintéticas são proposições em que o que está predicado não pode ser verificável na definição do sujeito – tem que ser verificadas pela experiência, pelos sentidos (sense-data, o que experienciamos via sentidos) para ser reconhecido como conhecimento. O conhecimento é factual. Isso exclui ética, religião, metafísica – pois não podem ser verificados, são considerados sem significado pelos positivistas.

Positivismo logico também é conhecido como empirismo lógico, envolvendo experiência por sentidos. Há um certo reducionismo – outras áreas de estudo derivam da ciência física e empírica.

Positivismo hoje editar

O positivismo continua ligado com a ciência empírica. Eles atribuem uma unidade de ciência para todas elas e determinam alguns limites sobre o que a ciência pode alcançar.

Tem uma noção otimista de progresso, um convicção de que conhecimento científico é acurado e certo, contrastando com opiniões, crenças, sentimentos e suposições. Não há atribuição de sentido, mas a descoberta dele. Essa é a essência do objetivismo, já que o objeto já carrega significado, independentemente de qualquer consciência sobre ele.

Os cientistas tem que manter a distinção entre objetivo (fatos, cientificamente verificável) e subjetivo (valores). Isso levanta a ideia do valor neutro da ciência.

Para Galileo, as propriedades reais são aquelas que podem ser medidas, contadas e quantificadas. Para ele o mundo real é quantificável.

O mundo dos positivistas não é o mundo que experienciamos todos os dias. Husserl afirma que o mundo cientifico é uma abstração do mundo vivido. O mundo percebido pela lente cientifica é sistemático, organizado, com regularidades, constâncias, uniformidades e princípios absolutos (em absoluto contraste como o que conhecemos).

Pós-positivistas editar

Pelo princípio de Heisenberg não é possível determinar o momento e posição de uma partícula subatômica, contradizendo a ideia de predizer o futuro. Ainda, ele observou que uma partícula é alterada pelo fato de que ela está sendo observada, contestando a ideia de independência entre sujeito e objeto – relatividade.

O argumento de Heinsenberg é epistemológico: como a ciência é incapaz de determinar a dinâmica subatômica com acuracidade, ele posiciona sua limitação na forma como humanos sabem o que sabem.

Para Bohr a limitação é ontológica – tem mais a ver como como os humanos sabem o que são partículas subatômicas. Em suma, essas partículas tem que ser vista como um tipo de realidade diferente daquela que estamos acostumados a lidar. Para pensar sobre elas, precisamos de um novo conjunto de conceitos, outros enquadramentos.

A partir daí há um reconhecimento de que existe uma contradição na prática cientificas. Há um abismo entre o que a ciência pretende fazer e o que ela realmente faz. Muitos dos ‘fatos’ que servem de elementos a essas teorias não foram diretamente observados; foram artificiais e introduzidos como elementos explicativos e heurísticos.

Fica fácil provar quando vc pressupõe os objetos visto segundo suas lentes (reificação – transformar conceitos abstratos em realidades concreta, em objetos)

O que começa a surgir é uma linha de pensamento em que cientistas ativamente constroem conhecimento cientifico mais do que passivamente observaram leis da natureza.

Princípio da falsificação de Popper editar

O conhecimento é estabelecido por um processo continuo de conjecturação e falsificação. Um avanço na ciência está ligado a um palpite que não pode ser negado até então, a despeito de tentativas. Popper questiona o método de indução (um lei é estabelecida pelo acumulo de instancias particulares)

Hume (confiança como uma questão de filosofia e não um resultado lógico) – uma suposição, ainda que se repita, não é uma verdade absoluta. Supondo isso, acreditaríamos que o que percebemos hoje nunca mudaríamos.    

Popper substitui falsificação por verificação no coração do método cientifico. Não importa quantas vezes verificamos que é verdadeiro, uma vez que se prove falso, já é falso.  

O método cientifico seria então assim:

  • Teorias científicas são propostas hipoteticamente;
  • Proposições são deduzidas dessas teorias;
  • Proposições são então testadas (tentado prová-las erradas).

É a falseabilidade que distingue afirmações cientificas de não-científicas ou pseudocientíficas. Uma teoria não aberta ao processo de refutação não pode ser científica. Se elas sobrevivem às tentativas de refutá-las podem ser aceitas temporariamente como verdades.

Mas a observação tem que estar dentro de uma teoria (dentro de um horizonte de expectativas). E nada é verdadeiro, mas ainda não é falso – apenas afirmações provisórias.

Nossa ciência não é conhecimento (episteme) e não pode afirmar ter alcançado a verdade ou mesmo um substituto para isso, como a probabilidade.

Revoluções científicas de Kuhn editar

A estrutura das revoluções científicas – a partir de uma perspectiva historia, ele descobre que a ideia de que a noção de ciência de Newton não é um continuo da noção da Aristóteles, elas não estão nem no mesmo espectro, não podem nem ser comparáveis. As bases e os elementos essenciais foram substituídos – houve uma revolução no pensamento científico. Ele olhou para os cientistas mais sob a perspectiva do que eles pretendiam ser do que sob o que eles eram, questionando a suposta neutralidade e objetividade da descoberta científica.

Ele reforça a ideia do background da teoria – a importância do paradigma (uma construção conceitual abrangente, a forma como os cientistas produzem sentido sobre o mundo ou parte dele). O paradigma vai pautar os parâmetros e limites da investigação cientifica, a metodologia e os métodos. A pesquisa são atividades convergentes baseadas um consenso determinado pela educação científica e reforçado pela profissão subsequente.

Mas de vez em quando o paradigma está inadequado para explicar proposições colocadas a mesa – tempo de crise em que o paradigma é questionado – uma nova forma de ver as coisas é requerida – troca de paradigma.

Feyerabend dá adeus à razão.

O progresso científico é anárquico (como deve ser). O que ele questiona é o papel da razão na ciência – já que ciência não pode ser fundamentada em nenhuma base filosófica convincente, achados científicos não são mais do que crenças e assim devemos considerá-los.

Ele é influenciado pelo Dadaísmo – um movimento niilista que enfatizou a criação artística do absurdo e do imprevisível. Ele faz o mesmo em relação ao conhecimento científico.

Ele chama os cientistas a testar suas percepções; adotar um certo ponto de vista significa um ponto de partida para uma pesquisa, não um tipo de conclusão. Mas como? Pela contraindução – questionar conceitos comumente utilizados desenvolvendo alguma coisa que eles possam ser comparados. “Nós precisamos de padrões externos de criticismo, um conjunto de suposições alternativas”. Ele aponta que o conhecimento científico é condicionado pelo background histórico do pesquisador.

Verdades científicas não são menos culturais em caráter, não menos sociopoliticas na sua origem do que quaisquer outras crenças.

Conclusões sobre o Positivismo editar

Popper, Kunh e Feyerabend rejeitam as bases de linha de que o método certo levaria à verdade absoluta e neutra contida no objeto analisado. Aceitam que o ponto de vista do observador vai influenciar a pesquisa.

Pós-positivismo – é essa versão humilde de abordagem científica, que não mais busca uma posição epistemológica ou metafísica privilegiada.

No fim, o que dá credibilidade é o processo: “olhe para a maneira como fizemos isso”. Ao apresentar os resultados, vamos pedir às pessoas que os considerem como fatos ou, pelo menos, que considerem o fato mais próximo que a pesquisa permitiu ou vamos apresentar uma interpretação que possa servir aos seus interesses (positivista vs não-positivista). Isso não tem a ver com usar métodos quantitativos – o que torna um estudo positivista não é o quantitativo, mas a atribuição de objetividade, validade e generalização dos achados quantitativos.

Interpretativismo editar

Perspectiva teórica é a base filosófica por trás de uma metodologia, o que ela implica (66)

"The interpretivist approach to the contrary, looks for culturally derived and historically situated interpretations of the social life-world" (67).

Raiz associada a Weber e contraste entre 'entendimento' e 'explanação" (das ciências naturais) - precisam de métodos distintos. Contraste entre o universal e o particular, o conhecimento nomothetic (nomo, regularidade, lei) versus idiographic (idio = caso específico). Mas o contraste não acontece de fato - ambas as esferas de investigação se interessam por ambos os tipos de conhecimento.

Weber interessado em causalidade. Causalidade de Weber se aplica ao que é 'adequado' e não 'necessário'. Utiliza-se do 'tipo-ideal', simplificado para análise de condutas racionais e com objetivo (rational goal-oriented conduct) e não outras como orientadas por valores. Tradição atual tende a negar o Verstehen (explanação) de Weber, associando a pesquisa nas ciências sociais à outros métodos de fato.

Interacionismo simbólico editar

Tradição americana (George Mead). Postula (de acordo com Blumer) três preceitos básicos:

1.      os seres humanos agem de acordo com os significados que as coisas têm para eles;

2.      o significado dessas coisas deriva e surge da interação social que alguém tem com seus companheiros; e

3.      esses significados são tratados e modificados através de um processo de interação interpretativa usado por uma pessoa quando lida com as coisas que ela encontra.

Pragmatismo - O que melhor funciona em termos práticos é de alguma maneria, o melhor parâmetro para definição de 'verdade'. Pragmatismo na tradição de Dewey/James (e não Pierce) se tornou "essencialmente uma exploração acrítica de ideias culturais e valores em termos de seus resultados práticos." (73) - uma busca menos pela origem, princípios e categorias e mais para consequências e resultados. Experiência e cultura acabam sendo a mesma coisa. Criticado por ser acrítico.

Devemos considerar as situações na perspectiva dos atores - e a perspectiva subjetiva (ala Weber) dos atores, o 'standpoint' dos atores, na medida do possível. A interação nesse sentido, é simbólica (idioma e outras ferramentas simbólicas) que usamos para comunicar. É só através dessa comunicação que se acessa a atitude, conhecimento e entendimento dos outros (75). Foi apropriada com afinco na antropologia cultural e no método etnográfico que presa o olhar para o contexto como 'estranho' e 'distinto' (76). Na prática são diversas as vertentes olhando como a dinâmica social e a relação entre pessoas produz significado, papeis e identificadores (e.g. outsiders).

Fenomenologia editar

Como as coisas se apresentam para nós em sua essência? Assume portanto que existem 'coisas em si'. "A consciência é sempre a consciência de algo. O objeto é sempre um objeto para alguém." (79). A busca pelos "objetos de nossa experiência antes que pensemos sobre eles" (79) - uma busca pelo précultural. De outro modo, a busca por um 'outro' olhar às coisas, de forma mais crua e essencial. A cultura nos ajuda mas também nos aprisiona. Nossas classificações e a organização prévia pode nos limitar.

Aqui o contraste entre construtivismo e construcionismo é mais marcante - se no primeiro nós individualmente construímos conhecimento, no segundo, o contexto social e cultura já nos faz nascer em um 'mundo inteiro de significado' (79).

Esse é um complexo exercício, já que usamos linguagem e cultura, sempre. E por isso, Crotty defende que isso fenomenologistas buscam uma "reinterpretação -- um novo significado, um significado mais cheio, um significado renovado" (82). Tem um tom de objetividade, mas também de crítica.

Na prática, no texto Anglo, e particularmente na tradição americana, tem sido focado na experiência subjetiva das pessoas e regularidades, "entendimentos culturais prevalecentes" (83), o que contrasta com o modelo exposto. Sugere que não deve ser um fim em si mesmo, senão perde a noção crítica - um reconhecimento da nossa construção do conhecimento, uma consciência dessa construção permanente.