Humanidades Digitais/Aula 4
Aula 4 : Dimensões tecnopolíticas das redes (uma forma de literacia?) =
editarPodemos dizer que a Internet (os novos ambientes comunicacionais) podem ser avaliados a partir de duas dimensões: a política DE REDE e a política NA REDE. A Política NA REDE é mais popular. É o modo pelo qual partidos ou movimentos fazem uso de sites, blogs, twitter, redes sociais para a produção de uma ação coletiva. É possível falar de maior empoderamento, horizontalidade das práticas e discussões e transparência na vida pública.
Autores como Yochai Benkler nos fala de uma esfera pública interconectada. Nesse caso, somos obrigados a retomar a questão da própria esfera pública pensado por Jürgen Habermas [Esse tema fica para a Aula 13]
Vamos nos concentrar nas políticas de rede ou tecnopolíticas.
O Processo Civilizatório da Modernidade
editarÀ primeira vista, o processo civilizatório pode assustar, pois o surgimento de equipamentos técnicos traz a necessidade de inovar no pensamento e no comportamento da sociedade, além de acarretar em consequências que afetam o cotidiano.
Walter Benjamin pensa sobre os sintomas causados pelo processo civilizatório e cita exemplos cotidianos de como eles afetam a sociedade. Como é o caso da multidão que é tratada como algo tão intrinsecamente parte da metrópole que não é necessário descreve-la, pois esta é tratada apenas como um ambiente.
O processo de automação afeta a sociabilidade moderna, tornando-se necessário a adaptação do homem moderno a sua nova realidade maquínica, dispositivos técnicos como a câmera servem como um mediador entre o produtor e o receptor.
As novas condições de recepção, fazem com que o receptor ganhe o poder de controlar as condições de produção, mesmo não estando presente no momento da criação.
Outro exemplo de realidade mediada por dispositivos técnicos está no cinema, pois este parece ser uma representação natural da realidade, entretanto é um processo complexo que tem como objetivo produzir um tipo de acontecimento mediado e mesmo assim é o modo como a vida urbana e as multidões tem de representar a si mesmas. Porém, a câmera não é uma extensão do olhar, o filme possibilita enfrentar as contradições do processo civilizatório. O cinema foi considerado fundamental para o “treinamento perceptivo” das massas nessa nova realidade.
Complementando a visão de Benjamin, em A vida vertiginosa, coletânea de crônicas de João do Rio (2006), o autor observa que o automóvel faz parte do mesmo sistema que a metrópole se caracterizando também como uma demanda civilizatória, pois “O automóvel ritmiza a vida vertiginosa, a ânsia das velocidades, o desvario de chegar ao fim, os nossos sentimentos de moral, de estética, de prazer, de economia, de amor” (RIO, 2006).
João do Rio observa as mudanças ocorridas tanto na paisagem das cidades quanto na mudança de pensamento ocorrida na sociedade moderna, em que o automóvel se tornou objeto de cobiça entre as pessoas. E é nesse contexto de uma sociedade sedenta por apropriar-se dos dispositivos técnicos que se faz necessário novas Cultural Techniques.
As Cultural Techniques na Teoria Alemã das Mídias
editarKitlter, um dos teóricos mais expoentes na área da Teoria Alemã das Mídias, acredita que os sistemas de informação e comunicação são sistemas de notação ou dispositivos de inscrição e são responsáveis pela função determinante de arquivamento, processamento e transmissão de informação.
Guattari, acredita que a dimensão maquínica das tecnologias de informação e comunicação “operam no núcleo da subjetividade humana, não apenas no seio das memórias, da sua inteligência, mas também da sua sensibilidade, dos seus afetos, dos seus fantasmas inconscientes” (GUATTARI, 2008). O propósito do autor é fazer “transitar as ciências humanas e as ciências sociais de paradigmas cientificistas para paradigmas ético-estéticos” o que poderia trazer importantes contribuições às Cultural Techniques.
Siegert observa que a crítica à razão instrumental se desloca para uma crítica da relação entre a cultura e a mídia, porém o que se vê é uma união entre a história da mídia sem que exista uma definição dos conceitos de cultura e de mídia utilizados.
Outra questão é a tentativa de reescrever a história da cultura pela história da mídia, o que faria com que o desenvolvimento histórico se restringisse ao desenvolvimento tecnológico.
A insistência em introduzir a questão da medialidade nos processos culturais, além de causar um desconforto em alguns acadêmicos da área das ciências humanas, também trouxe a alguns pesquisadores da Teoria Alemã das Mídias a imagem de “deterministas”.
Ao pensar sobre a condição humana, Arendt a relaciona como complementar a objetividade do mundo, pois se por um lado os seres humanos são condicionados pelo mundo que encontram, por outro os objetos sozinhos não teriam qualquer significado. Essa questão torna-se relevante quando, pela primeira vez, o termo ciborgue passa a representar as novas inervações entre o homem e a máquina que povoaram todo o imaginário cibernético da década de 1950 (Kim, 2004, Rüdiger, 2009, Santos, 2011, Santaella, 2003).
Por fim, outra crítica direcionada aos estudos da Teoria Alemã das Mídias é seu caráter extremamente etnocêntrico, uma vez que para entender a rede sociotécnica humana é necessário entende-la em uma pluralidade de culturas. Além de ser necessário enfraquecer abordagens que pensam a relação humano-coisa de um modo unidirecional na qual o humano assume uma posição privilegiada.
Meta-mídias e Digital Literacy
editarDepois de muitas reflexões sobre a Teoria Alemã das Mídias é possível dizer que a divisão hermenêutico/não-hermenêutico não faz mais sentido. Mas nem bem essa posição foi consolidada, o desenvolvimento das mídias digitais lançou questionamentos a respeito do aparecimento de meta-mídias.
Manovich observa que os computadores não eram vistos como máquinas de representação, expressão cultural ou comunicação. Foi somente com conceitos trazidos por Sutherland, Engelbart, Nelson, entre outros (Levy, 2001, Isaacson, 2014) que os computadores passaram a ser pensados como máquinas culturais. O autor destaca também, como as principais características do computador são capazes de transforma-lo em uma meta-mídia. Esse processo é de extrema importância, pois ao serem mediados pelo computador os objetos são convertidos à lógica computacional e podem ser manipulados por meio de algoritmos e de interfaces gráficas.
A lógica computacional só é como é porque seus desenvolvedores tomaram uma série de decisões que a levaram a ser deste modo, como é o caso de Alan Kay que decidiu transformar os em um simulador das antigas mídias, podendo ser utilizado por exemplo como um gravador. Essa observação permite chamar atenção da pesquisa em comunicação para as “arquiteturas da comunicação” e como alteram o nosso modo de pensar as próprias mídias e a cultura.
Segundo Gentikow (2015) a noção de arquiteturas da comunicação indica uma relação entre a tecnologia e as experiências sociais de interação e integração. Com o desenvolvimento tecnológico, as novas mídias foram tomando espaço dentro das casas das pessoas e adquirindo um caráter pessoal e privado. Esse acontecimento suscitou questionamentos sobre novos tipos de Cyber ou Digital Literacy. A autora defende que as Digital Literacy não deveriam ser resumidas apenas como a aquisição de competências e habilidades para o uso das novas tecnologias.
Além disso, uma Cyber ou Digital Literacy pode envolver uma capacidade de produzir, encontrar, armazenar, processar, recuperar e selecionar informações significativas em meio a um volume astronômico de dados (GIRARDI, 2017). Essa Digital Literacy pressupõe também o domínio de alguns códigos, da produção de um discurso específico, de uma nova prática criativa de edição, publicação e compartilhamento a partir de plataformas de produção de conteúdo gerado pelo próprio usuário, e o não entendimento dessas questões pode acarretar em análises equivocadas.
Política de Rede
editarA Política DE REDE quase sempre permanece invisível nos debates e não nos damos conta da sua importância. Este assunto parece ter apenas o interesse de pessoas com alguma ou muita familiaridade com as mídias digitais. Por exemplo, a infra-estrutura que suporta a Internet é regido por uma série de protocolos em várias camadas, voltados para a garantia da chamada “neutralidade” de rede e diversos níveis de garantia de anonimato.
É a neutralidade de rede (o modo pelo qual os dados são tratados na rede) que faz da internet um ambiente comunicacional muito particular. Você não precisa pagar de modo diferenciado se manda e-mails, vê vídeos
ou ouve música. Isso permite que tenhamos acesso a uma infinidade de conteúdos que são muito importantes para o processo de criação de novas ideias e produtos.
Os smartphones e a sua política de pagar por pacotes de dados têm mudado isso.
Essa infra-estrutura baseada em poucas empresas gigantescas que controlam nossos dados e os canais por onde circulam é preocupante.
Quase sempre esse debate acaba voltado para questões “técnicas” e esquecemos que estamos lidando com certas escolhas e decisões que podem mudar consideravelmente o modo pelo qual usamos esses ambientes.
A cultura hacker como vimos via na Internet a cultura da liberdade e do compartilhamento. Não se precisa pedir a autorização de ninguém para desenvolver qualquer projeto na rede. O custo é o do computador, da conexão e dos provedores.
As discussões não afetam o controle dos protocolos da infra-estrutura física da rede. Ela envolve também discussões sobre os formatos/suas aplicações (formatos livre ou aberto e formatos proprietários) e a livre circulação de conteúdos (licenças/direitos autorais) na rede.
Na Internet, a maioria dos produtos que adotamos dependem de uma série de condições para sua existência. Tanto em nível material (configurações de hardware), quanto a dependência de softwares para sua execução e um grau de domínio da tecnologia por parte do usuário.
Os padrões/protocolos são sempre uma discussão importante na Internet. Uma boa ideia e uma boa ação de programação podem gerar infindáveis produtos ou ambientes com um custo bastante baixo, o que facilita muitas experiências. O custo do erro fica baixo, o que facilita muito a inovação.
No entanto, a adoção e popularização de determinados padrões geram o que chamamos de “aprisionamento” dos usuários a certos formatos. Vamos dar um exemplo: o mp3 tornou o padrão dominante no registro, arquivamento e distribuição de música. Não significa que ele seja o melhor padrão, mas o padrão dominante por motivos econômicos, técnicos, culturais e políticos etc. Vamos ver isso na aula sobre Economia da Informação.
A corrida pela definição de um padrão tecnológico é fundamental para a produção de conteúdos baseados nesse padrão. Isso acontece para a televisão digital, para os formatos dos documentos ou pacotes de dados.
Objetos digitais/Objetos executáveis
editarA sua carta escrita em uma mídia digital vira um objeto muito particular. Ele se torna um objeto executável. E o que isso quer dizer?
Você precisa do programa adequado para executá-lo. Caso contrário, ele está praticamente perdido. Ele está em algum lugar mas não pode ser executados. Os softwares são intermediários importantes nesse processo. Sem eles, não seria possível ler a carta.
Uma carta escrita no Word/Windows no formato “.doc” não poderia ser aberta em outros programas. Este é um exemplo de formato proprietário. Seu dono é a Microsoft.
A alternativa a ele, ou seja, um formato livre seria o “.odt” usado para textos. Ele pode ser aberto em qualquer programa. Não apenas no Word. Existem formatos proprietários diversos para imagens (.jpg), planilhas (.ppt) e música (.mp3).Seus equivalentes seriam imagens (.png) e música (.ogg)
O modo pelo qual você gera, arquiva e distribui um determinado formato, faz com que nós sempre estejamos na dependência deles para executá-los. Hoje, existe um recurso chamado “emulação” de um programa e, em alguns casos, por engenharia reversa, é possível descobrir o funcionamento de um código fechado.
Se você se lembrar como as primeiras declarações de imposto de renda eram feitas em disco flip de 5”, podemos entender isso. Não temos nem mais o dispositivo físico para executá-los em nossos dispositivos. O mesmo tem acontecido com os CD. Só que nesse caso, o que houve foi a disponibilização dos arquivos na nuvem sem a necessidade de um suporte físico.
Existe um projeto na internet chamado de “Lost Formats Project”.
Nos casos dos áudios e vídeos temos de ter o cuidado de usar os codecs adequados para executá-los. Esses codecs são algoritmos que cuidam a compressão dos arquivos e o modo pelo qual serão descompactados e a necessidade de recurso de conexão que serão necessários para executá-los. Controlar esses codecs ajuda na execução do filme no formato digital.
O filme, curiosamente, converte-se em dados e instruções de execução a despeito de seu conteúdo.
A "pirataria"
editarO controle sobre as licenças fez com que, em um primeiro momento, na música, as pessoas passassem a baixar músicas entre si de um modo assustador para a indústria da música. Ela demorou a entender o que estava acontecendLo.
A RIAA (Recording Industry Association of America) e a MPAA (Motion Picture Association of America) consideram o compartilhamento (P2P) o seu grande inimigo. Isso era feito por meio de processos judiciais contra milhares de usuários. Não importava se eram blogueiros ou fãs . Foram pensadas diversas formas de punir os “piratas” por meio de diversos tipos de legislação. Para saber se os usuários estavam compartilhando música ilegal era preciso ter acesso a seus computadores, o que gerava um problema sério de privacidade e vigilância. Lawrence Lessig foi visionário ao dizer que não se deveria legislar tão rapidamente sobre uma tecnologia ou modelo de negócio em desenvolvimento. coisa do tipo. Mas, quando ela fechou o Napster, apareceram diversos tipos de compartilhamento do tipo Torrent. Ela sempre perdia o rumo dos acontecimentos, até que alguém começou a entender que nem sempre estamos dispostos a usar bens gratuitamente. Nós o fazemos porque os antigos formatos eram muito restritivos. Foi a época da “pirataria”. Partidos Piratas tiveram certa projeção na Escandinávia e Europa.
Lessig observou que a pirataria de música poderia nos dizer várias coisas:
1. as redes substituíam o consumo de CDs;
2. as redes serviam para ouvir amostras antes de comprar;
3. as redes disponibilizam conteúdo que não pode mais ser encontrado por diversos motivos;
4 as redes servem para o compartilhamento de novos formatos não restritivos por parte dos músicos que precisam de um novo tipo de licença.
É como se tivéssemos rompido um dique de Copyrights. O fluxo vai se estabilizar com o tempo. A própria rede vai encontrar formas de enfrentar isso. Só não sabemos como garantir o valor produzido pelos artistas.
A Netflix e o Spotify (e outros anteriores) entenderam essa lógica muito bem. Eles não te vendem produtos no sentido clássico. Você não se apropria dos filmes ou músicas que vê e ouve. Você paga por um serviço de streaming que lhe oferece uma interface muito particular que envolve classificação, navegação e recomendação.
Referências Bilbiográficas
editarLer:
GENTIKOW, Barbara. The role of media in developing literacies and cultural techniques.Nordic Journal of Digital Literacy, vol.4 pp. 35-52, 2015
SILVEIRA, Sérgio Amadeu. Novas dimensões da política: protocolos e códigos na esfera pública interconectada. Revista de Sociologia e Política vol.17 no.34, 2009
Complemento:
BUCKINGAM, David. (2006). Defining digital literacy. What young people need to know about digital media. Digital Kompetanse, vol. 1, no. 4: 263–276.
FELINTO, Erick. EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO :O Sequestro da História na Cibercultura e os Desafios da Teoria da Mídia. Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho “Comunicação e Cibercultura”, do XIX Encontro da Compós, na PUC-RJ, Rio de Janeiro, RJ, em junho de 2010.
GIRARDI JR, Liráucio. "Cultural Techniques" e a Materialidade da Comunicação: contribuições para uma "Digital Literacy". Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Comunicação e Cibercultura do XXVI Encontro Anual da Compós, Faculdade Cásper Líbero, São Paulo -SP, 06 a 09 de junho de 2017
JENKINS, Henry. As competências necessárias na cultura dos novos media. In: Maria José Brites, Ana Jorge & Sílvio Correia Santos(Editores). Metodologias Participativas: Os media e a educação, Covilhã: LabCom Books, 2015 p. 301-311
LIVINGSTONE, Sonia. Media literacy and the challenge of new information and communication technologies. London: LSE, 2004
MASSAROLO, João Carlos, PADOVANI,Gustavo. Letramento transmídia: um estudo sobre a produção de conteúdos escolares colaborativos
MÜLLER, Adalberto. As contribuições da teoria da mídia alemã para o pensamento contemporâneo. Pandaemonium germanicum 13, p. 107-126 2009
GARNET, Hertz; PARIKKA, Jussi.Zombie Media: Circuit Bending Media Archaeology into an Art Method. LEONARDO, Vol. 45, No. 5, pp. 424–430, 2012
RÉGIS, Fátima; AUDI, Gustavo; MAIA, Alessandra. Do Letramento ao Letramento Midiático: Práticas e Competências Cognitivas na Cibercultura. Trabalho apresentado no GP Cibercultura, XIV Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação, evento componente do XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação - intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – Foz do Iguaçu, PR 5/9/2014
Henrique Zoqui Martins Parra, Leonardo Cruz,Tel Amiel,Jorge Machado. Infraestruturas, Economia e Política Informacional: o Caso do Google Suite For Education. MEDIAÇÕES, LONDRINA, V. 23 N. 1, P. 63-99, JAN.-ABR. 2018
Outras leituras complementares (reportagens e sites)
Categorias de softwares livres e não livres - GNU.org
Chip Conley . TED Salon: Verizon (vídeo). O que a geração "baby boomer" pode aprender com a geração Y no trabalho e vice-versa
Lost formats preservation society (Experimental Jetset is a small, independent, Amsterdam-based graphic design studio, founded in 1997 by (and still consisting of) Marieke Stolk, Erwin Brinkers and Danny van den Dungen. Focusing on printed matter and site-specific installations, and describing their methodology as “turning language into objects”)
The evolution of physical music formats – an interactive timeline – Written by VF Team – February 25, 2015
Five Principals of Zombie Media (Manifesto)
Museum of Obsolete Media
You Think You Want Media Literacy… Do You? – danah boy, Points, 09/03/2018
File Formats - Open Data Handbook
COLE, David. We kill people based on metadata. The New York review of books. 2014. Disponível em: <http://www.nybooks.com/daily/2014/05/10/we-kill-people-basedmetadata/>. Acesso em: 12 jan. 2018.
Tecnopolítica #42: Microsoft defende Software Livre. E agora? (Neste episódio, Sérgio Amadeu conversa com o jornalista, doutorando e mestre em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade Federal do ABC, João Cassino, sobre a adesão da mega corporação de software proprietário, a Microsoft, à defesa e ao uso do software livre.)