Laboratório de Conservação e Restauro de Documentos (LabDoc-UFRRJ)/02
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A Importância do cuidado com o papel e análise de agentes externos
editarMesmo com os avanços tecnológicos, o papel continua sendo amplamente utilizado como suporte. Devido à sua fragilidade e limitações, é tratado com extrema cautela durante a manipulação, armazenamento e preservação. A deterioração de plantas em formatos maiores é frequentemente atribuída à complexidade de sua manipulação e à necessidade de proteção, muitas vezes resultando em danos como rasgos, cortes, manchas, entre outros, quando armazenadas em depósitos. Os principais agentes de deterioração são umidade que causa acidez, a luz e temperatura causando o amarelecimento, entre outros e, a partir dessa premissa, podemos categorizar os fatores de degradação do papel de quatro maneiras: agentes químicos, agentes físicos, agentes biológicos e ação humana.
- Agentes químicos: Esses agentes externos desencadeiam uma série de reações adversas, como processos fotoquímicos, oxidações e hidrólises, que levam à degradação da celulose e à quebra de sua estrutura molecular. Como resultado desses processos, observamos a manifestação de características indesejadas nos papéis, incluindo escurecimento, amarelamento, fragilidade, quebradiços e manchas.
- Agentes físicos: A luz, em especial os raios UV emitidos, provoca a deterioração, principalmente em materiais orgânicos. A luz solar, devido à maior quantidade de radiações ultravioletas, fluorescentes e incandescentes, é especialmente prejudicial. Apesar de ter efeitos inibidores no crescimento de agentes biológicos, a luz altera o suporte do papel, desencadeando mudanças na celulose e resultando em características físico-químicas modificadas, amarelecimento e escurecimento. A penetração da luz nos aglutinantes afeta mais esses componentes do que os pigmentos, causando alterações mútuas. Além disso, alguns vernizes, junto com outros elementos, envelhecem, perdem propriedades e endurecem, tornando-se rígidos. Esse processo pode levar a rachaduras e, em casos específicos, a craquelados que se desprendem da superfície do papel, levando consigo a escrita.
- Agentes biológicos: Microorganismos de dimensões microscópicas, como insetos,roedores, bactérias e fungos, atuam como agentes biológicos capazes de causar infecções, alergias e toxicidades no corpo humano, além de destruir acervos com matéria orgânica para sua alimentação. Esses vilões se alojam silenciosamente em ambientes escuros, com umidade e pouca ventilação, causando danos significativos. Fungos e bactérias apresentam diversas colorações, indo do negro ao verde, roxo, amarelo e branco. Alguns danos, como os causados por colas, tornam-se irreversíveis antes de serem percebidos. Os estragos provocados por esses agentes são comuns e podem resultar em verdadeiras catástrofes em arquivos e bibliotecas.
- Ação humana: A manipulação inadequada dos documentos, seja direta ou indireta,resulta em danos como desprendimentos, desgarros, manchas, arrugas e deformações, tornando a peça mais frágil. Atitudes como enrolar, dobrar e empilhar complicam ainda mais o manuseio. Diante dos riscos iminentes de perda mencionados, o projeto priorizou a conservação preventiva das plantas do acervo. Isso envolveu a retirada gradual dos originais da mapoteca de madeira, onde estavam suspensas por "orelhas de papel" grampeadas, e a remoção do ambiente prejudicial da sala da Prefeitura Universitária (PU), caracterizado por umidade, exposição excessiva à luz e poeira.
Além disso, incluíram registro fotográfico do carimbo da planta, da planta inteira em suas proporções reais e do detalhamento das patologias detectadas. O uso da fotografia foi essencial para documentar o estado anterior à conservação. Após o registro fotográfico, foi realizado o exame organoléptico e preenchida uma ficha de registro. Em seguida, foram tomadas medidas básicas de conservação, como higienização e remoção de grampos e orelhas de papelão.
Após essas etapas, as plantas higienizadas foram transferidas para a mapoteca em aço no primeiro andar do prédio da PU/UFRRJ, após rigorosa limpeza. O controle climático do laboratório e da sala da mapoteca foi realizado para evitar choques climáticos que pudessem prejudicar as plantas. As plantas foram acondicionadas em "pastas em cruz" feitas com papel filiset neutro, proporcionando proteção adequada. Após a finalização da conservação preventiva, procedeu-se com a realização de registros fotográficos e o cadastramento individual de cada obra original. As plantas higienizadas foram temporariamente armazenadas no Centro de Memória/UFRRJ, em mapotecas horizontais em aço. Até o momento, mais de 350 plantas foram higienizadas e 177 originais relacionados à memória do Campus Seropédica da UFRRJ foram cadastrados, embora o acervo conte com mais de 4.000 documentos ao todo.