Laboratório de Jornalismo Multimídia/Apresentação/Grupo 8
- 1. Identificar a matéria:
A reportagem "Empresas ignoram obrigatoriedade de contratar pessoas com deficiência", do jornal Correio Braziliense, trata do cenário brasileiro de empregabilidade para deficientes. A matéria conta com fotos, um vídeo e citações de especialistas e depoimentos de personagens. Tudo busca reforçar os argumentos defendidos ao longo do texto, que alegam que mesmo com toda a legislação voltada para a contratação de deficientes, muitos continuam desempregados no país.
- 2. Resumir pauta:
Ao perceber que apenas 0,89% dos brasileiros portadores de deficiência estão no mercado formal de trabalho, o Correio Braziliense fez uma reportagem a respeito do descumprimeto das cotas para deficientes nas empresas. A matéria trata do preconceito que as pessoas com deficiência ainda sofrem na sociedade de um modo geral, tanto no mercado de trabalho, quanto no acesso à educação e na busca por qualificação.
- 3. Descrever a apuração:
A apuração da reportagem publicada pelo veículo Correio Braziliense, “Empresas ignoram obrigatoriedade de contratar pessoas com deficiência”, conta com cerca de 15 entrevistados de variadas áreas, consulta em leis federais, estáticas e dados numéricos. Abordando a questão da baixa empregabilidade das pessoas com deficiência, contrariando a lei que obriga a contratação dessa mão de obra, a equipe de reportagem entrou em contato com um grupo interessante de fontes, que abrangem pontos de vistas diferentes. São eles: o Estado, associações, advogados e os próprios portadores de necessidades especiais.
As entrevistas principais da matéria contam com a procuradora do Ministério Público do Trabalho do Distrito Federal, Renata Coelho, e o chefe da Divisão para Inclusão das Pessoas com Deficiência e Combate à Discriminação do Ministério do Trabalho, João Paulo Reis Ribeiro Teixeira. Além deles, a equipe também entrou em contato com a assistente social da Coordenadoria de Acessibilidade Educacional da Universidade Federal de Santa Catarina, Tatiane Bevilacqua, a assessora da Universidade Federal Fluminense, Lircilia Machado, o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Distrito Federal, Bruno Goytisolo e os advogados Lucas Santos, Anaí Frozoni e Fábio Chong.
Ademais, não poderiam faltar as fontes que vivem na pele essa situação e, quiçá, as mais interessadas na discussão provocada pela reportagem - são os personagens, os deficientes que batalham para ingressar no mercado de trabalho. Entre os contactados se encontram Thais Carvalho, cadeirante à espera para tomar posse em uma vaga concursada pela Caixa, Abrãao Lincoln, cego e auxiliar de educação, Irene Soares Andrade, cadeirante e gerente de finanças do shopping Conjunto Nacional, Ronilda Vieira Lopes, surda e recepcionista do shopping Conjunto Nacional, Gabriela Olívia Santos Chaves, amputada de um braço e atendente da UniCeub e os gêmeos Romário e Marcelo Cordeiro, cegos e músicos.
A presença de diferentes pessoas debatendo o mesmo assunto, seja da mesma perspectiva ou de outra, agrega credibilidade para a matéria. O embasamento é importante para a veracidade das informações, ponto que foi preenchido tanto com a numerosa apuração de fontes físicas e teóricas (como as leis).
- 4. Descrever os formatos usados na reportagem:
A reportagem é um texto, mas possui três fotos, um vídeo e uma série de gráficos e tabelas. A primeira foto, tirada por Arthur Menescal, mostra uma das fontes, Renata Coelho, a procuradora do Ministério Público do Trabalho do Distrito Federal, sentada em seu escritório. A segunda, feita por Carlos Vieira, é de Thaís Carvalho e foi tirada no mesmo nível da altura da entrevistada, que é cadeirante. E a terceira foto, do fotógrafo Bruno Santa Rita, mostra Rondônia lda Vieira Lopes, funcionária de um shopping e deficiente auditiva, posando na frente de um cartaz com o nome da empresa e os seus valores, visão e missão.
O principal formato é o próprio texto, que vem com a narrativa de todo cenário, explicações a respeito da legislação e inclui a resposta de todas as entrevistas, exceto a que foi feita através do vídeo. O vídeo é a gravação da entrevista feita pelo Correio Braziliense com a procuradora Renata Coelho. Foi editado de forma que apenas as respostas da entrevistada aparecem. Ela fala sobre a definição de pessoa com deficiência estabelecida pela Organização das Nações Unidas e a necessidade de adequar o mundo à nossa volta de forma que as limitações dessas pessoas não sejam impedimentos para a sua atuação no mercado de trabalho.
E os gráficos e tabelas, cujos dados são retirados do Ministérios do Trabalho e Ministério Público do Trabalho, ilustram algumas informações chaves apresentadas na reportagem, como o número de pessoas com deficiência no país, o aumento das que têm carteira assinada, a diminuição das que estão atualmente empregadas e como é calculado o percentual de cotas para pessoas com deficiência em empresas. Em seguida, uma tabela mostra como é pequeno o número de cargos ocupados em relação aos reservados à pessoas com deficiência. Abaixo, um gráfico em barras explica as ações que o Ministério do Trabalho toma quando há irregularidades e depois há uma tabela contendo o número de denúncias e o número de ações tomadas pelo MT. Por último um gráfico de linhas mostra o número de processos judiciais sobre o tema no MPT do Distrito Federal entre 2014 e 2018, ano de publicação da reportagem.
- 5. Analisar formatos usados na reportagem
Em uma questão analítica, podemos notar as diferentes interações dos formatos multimídia com a matéria em sí. Apesar de ser um conjunto carregado de muito texto, a presença do audiovisual com a entrevista da procuradora, do infográfico com os dados relacionados à empregatividsde de pessoa com deficiência e as fotos de alguns personagens, acabam por proporcionar uma maior dinamicidade e criando então um ambiente multimídia.
Em uma observação mais minuciosa, podemos notar a organização dos materiais midiáticos no artigo do Correio Braziliense. O começo logo proporciona uma experiência audiovisual introdutória e relativamente curta (possivelmente para que não ocorra uma perda de interesse no restante do conteúdo).
Pode ser de suma importância um começo com tal formato, proporcionando um maior interesse na leitura da grande carga textual que está por vir, como se o vídeo, além de completar o conteúdo da pauta, servisse como incentivo à leitura de todo o artigo.
Posteriormente, notamos, de forma incisiva e repetitiva, a presença da fotografia. Contudo, as imagens são posicionadas entre grandes quantidades de texto, como se fosse um intervalo ou uma pausa entre o conteúdo maciço da matéria, fazendo do ritmo da leitura algo mais lúdico.
Por fim, o infográfico nada mais é do que a conclusão. Todo o material coletado durante a produção do artigo (dados e informações quantitativas) acaba sendo somado e resumido de maneira visualmente agradável ao final da matéria. Como forma de encerramento, os repórteres optaram por apresentar os dados da apuração como forma de um resumo. Os dados totais mais a organização visual acabam por proporcionar não somente um desfecho cativante para a matéria, mas também criam um aspecto de veracidade.
Em suma, os formatos multimídia são distribuídos de forma uniforme e concisa. O trabalho dos repórteres e dos editores foram de criar a dinâmica do artigo por meio de formatos multimídia mais adequados para cada situação. Sendo assim, podemos concluir em uma análise que cada formato foi aplicado com um propósito único, seja pela sua posição na arquitetura da informação até as suas especificações técnicas e de design.
- 6. Descrever a conexão com redes sociais
Primeiramente, enxerga-se a responsividade do conteúdo: ele se adapta a diferentes formatos, podendo ser acessado por smartphones, computadores e tablets sem que isso interfira na qualidade do layout. Assim, o leitor pode visualizá-lo confortavelmente, estimulando a leitura do mesmo.
Dessa forma, a reportagem passa a ser compartilhada nas redes sociais com mais frequência, já que se adequa para o Facebook, Instagram, Twitter ou, até mesmo, Whatsapp. Isso contribui com o aumento de acessos à matéria, o que é positivo para o portal. A partir disso, perfis de ONGs ou projetos que reivindicam os direitos defendidos na matéria, bem como pessoas que se se incluem ou sensibilizam com o cenário apresentado, passam a compartilhá-la.
O próprio conteúdo também se adequa a outras plataformas, visto que o vídeo está disponível no YouTube e pode ser linkado à reportagem, conquistando, assim, os acessos do vídeo para a matéria também.
Assim, é possível perceber a importância das redes sociais para o jornalismo de hoje em dia. Um portal de notícias que não reconhece a importância delas para o acesso não consegue crescer ou aumentar de forma considerável o número de espectadores, pois a sociedade busca, a cada dia mais, a informação através das redes socias.
- 7. A partir de três fontes de "O que se deve aprender em Jornalismo Multimídia?", avaliar a reportagem:
- 7.1 Edson Capotano
Segundo Edson Capoano, o jornalista deve dominar competências técnicas e informativas, ou seja, fazer convergir conteúdos de distintas mídias de uma forma coesa e que seja relevante para o texto. A reportagem “Empresas ignoram obrigatoriedade de contratar pessoas com deficiência” do Correio Braziliense faz justamente isso. Ela consegue reunir diversos dados em tabelas e gráficos ilustrando o que a matéria quis dizer e dando uma maior perspectiva ao leitor, que passa a entender a gravidade da situação e o impacto social consequente das ações dessas empresas.
- 7.2 Raju Narisetti
A partir da relação entre jornalismo e multimídia, elaborada por Raju Narisetti, que coloca a informação acima do uso da tecnologia, infere-se que a reportagem citada não fere essa ideia.
Ao longo da matéria veiculada pelo Correio Braziliense, nota-se que o uso das mídias não é ignorado - vídeos e infográficos aparecem ao longo da leitura, porém o domínio absoluto ainda é do texto, das palavras e da linguagem clássica.
Desse modo, assim como pensa Raju, as tecnologias não chegam a confundir o leitor (que pode se perder numa tela cheia de estímulos), mas elas servem como sutil complemento, sem deixar de cumprir a sua função mais importante, que é a de informar.
- 7.3 Bianca Santana
De acordo com Bianca Santana, escrever bons textos é de suma importância para o fazer jornalístico e independe da presença de multimídia. Entretanto, Santana afirma que é necessário possuir o conhecimento técnico para que a informação possa receber seu devido valor.
No caso da matéria do Correio Braziliense, podemos notar uma excelente organização dos dados e informações, trabalhando de maneira sintética para a facilitação do engajamento e favorecimento de algoritmos, o que acaba gerando uma certa autonomia ao texto, fator explicitamente ressaltado por Bianca Santana.
Entender a manipulação de dados e o trabalho das funções de inteligência artificial (IA) da internet é o principal fator do sucesso esclarecido pela jornalista, algo que claramente foi o objetivo da matéria pré-determinada no trabalho em questão.
Leticia Moreira: tópicos 1 e 2
Luana Pellizzer: tópico 6 e revisão final
Lucas Ghedini: tópicos 5 e 7.3
Madalena Derzi: tópicos 4 e 7.1
Maria Laura Saraiva: tópicos 3 e 7.2