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Bem-Vindo(a) ao Curso de Geografia - Formações Vegetais do Brasil


Introdução editar

O território brasileiro reúne a maior diversidade do Planeta, conhecer os elementos formadores das paisagens naturais que compõem os Biomas do nosso país, como relevo, vegetação, solo, clima, hidrografia, fauna, dentre outros aspectos, é fundamental para o desenvolvimento de uma consciência ecológica acerca da preservação e da proteção de tal biodiversidade.

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Domínios Morfoclimáticos editar

O território brasileiro reúne a maior biodiversidade do Planeta, conhecer os elementos formadores das paisagens naturais que compõem os biomas do nosso país, como relevo, vegetação, clima, solo, hidrografia, fauna, dentre outros aspectos, é fundamental para o desenvolvimento de uma consciência ecológica acerca da preservação e da proteção de tal biodiversidade. Dependendo do autor, os biomas podem receber diferentes classificações, quanto aos principais biomas do mundo destacam-se a tundra, a taiga, as florestas tropicais, as florestas temperadas, os desertos e campos. No caso do Brasil, devido à variabilidade de clima, luminosidade e outras características existem diferentes biomas. Entre os inúmeros tipos de clima e relevo que existem no Brasil, observa-se que eles mantêm grandes relações entre si, sejam elas de espaço, de vegetação, de solo, de recursos hídricos entre outros. Isso caracteriza vários ambientes ao longo de todo território brasileiro.

Para podermos entendê-los, é necessariamente obrigatório distinguir um dos outros, pois a sua compreensão deve ser feita um a um, ou seja, isoladamente. Nesse sentido, o geógrafo brasileiro Aziz Ab’Saber, faz uma classificação desses espaços chamados de Domínios Morfoclimáticos. O nome morfoclimático, atribui-se devido às características morfológicas e climáticas encontradas nos diferentes domínios, que são  6 (seis) ao todo e mais as faixas de transição. Em cada um desses ambientes, são encontrados aspectos, histórias, culturas e economias divergentes, desenvolvendo várias condições, como a conservação do ambiente natural e  processos erosivos provocados pela ação antrópica.

De acordo com Aziz Ab’Saber (2003, p. 13):

"Até o momento foram reconhecidos seis grandes domínios paisagísticos e macroecológicos em nosso país. Quatro deles são intertropicais, cobrindo uma área pouco superior a sete milhões de quilômetros quadrados. Os dois outros são subtropicais, constituindo aproximadamente 500 mil quilômetros quadrados em território brasileiro, posto que extravasando para áreas vizinhas dos países platinos. A somatória das faixas de transição e contato equivale a mais ou menos um milhão de quilômetros, em avaliação espacial grosseira e provisória."

Devido à enorme extensão territorial brasileira, nos defrontaremos com domínios muito diferenciados uns dos outros. Esta classificação feita, segundo o geógrafo Aziz Ab’Sáber (1970), dividiu o Brasil em seis domínios:

I – Domínio Amazônico: Região norte do Brasil, com terras baixas e grande processo de sedimentação; clima e floresta equatorial.

II – Domínio dos Cerrados: Região central do Brasil, como diz o nome, vegetação tipo cerrado e inúmeros chapadões.

III – Domínio dos Mares de Morros: Região leste (litoral brasileiro), onde se encontra a floresta Atlântica que possui clima diversificado.

IV – Domínio das Caatingas: Região nordestina do Brasil, de formações cristalinas, área depressiva e de clima semi-árido.

V – Domínio das Araucárias: Região sul brasileira, área do habitat do pinheiro brasileiro (araucária), região de planalto e de clima subtropical.

VI – Domínio das Pradarias: Região do sudeste gaúcho, local de coxilhas subtropicais.

Domínio Amazônico editar

O domínio morfoclimático Amazônico é repleto de números gigantescos, nele encontra-se a bacia hidrográfica com a maior quantidade de água e o maior bloco contínuo de mata tropical do planeta. A Amazônia representa um terço das florestas úmidas existentes nos trópicos. No Brasil existem cerca de 60 mil espécies de plantas, quase metade deste número esta no bioma amazônico, que contém perto de 10 a 20% das espécies vegetais existentes na Terra. A região amazônica é muito ampla, tem cerca de 40% do território brasileiro, onde se encontra os estados do Pará, Amazonas, Amapá, Acre, Rondônia e Roraima e  partes do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso, incluem também terras de alguns países próximos, como as Guianas, Suriname, Venezuela, Equador, Peru e Bolívia. Localizado na região norte do Brasil, possui terras baixas e florestas equatoriais, seu relevo caracteriza-se por possuir baixos planaltos e planícies, drenados pela bacia hidrográfica do rio Amazonas, a maior parte do domínio amazônico é composto pela formação florestal latifoliada, que é perene, heterogênea, densa e higrófila. A floresta amazônica é conhecida como abrigo da maior biodiversidade do mundo, pois nela podem ser encontradas milhares de espécies animais, vegetais e micro-organismos, que compreende 4.211 espécies, segundo o estudo Avaliação do Estado do Conhecimento da Biodiversidade Brasileira, publicado em 2005 pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). O número representa quase 80% do total de espécies animais existentes no Brasil e 9% do total mundial. Mas o grupo mais numeroso em espécies e menos conhecido é o dos artrópodes – insetos, aranhas, escorpiões, lacraias e centopéias, entre outros. Esses animais desempenham papéis essenciais à manutenção dos ecossistemas amazônicos, como na polinização das plantas com flores (angiospermas). Acredita-se que mais de 70% das espécies amazônicas de artrópodes ainda não possuem nomes científicos.

Domínio dos Cerrados editar

É o local de maior acúmulo de água da América do Sul, a mais diversificada savana do planeta em espécies de animais e vegetais e um dos maiores produtores de grãos do mundo. Esses aspectos nos mostram que o cerrado tem uma importância muito grande na economia e no meio ambiente do Brasil. O cerrado é muito grande, ocupa 2 milhões de quilômetros quadrados, equivalente a um quarto do território brasileiro, é o segundo maior bioma do país, localizado no Brasil central abrangendo os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, o Distrito Federal e partes de São Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Piauí e Bahia, representando cerca de 25% do território nacional. Conhecido pelos chapadões interiores com cerrados e florestas-galerias, com um clima tropical típico com alternância de verões quentes e úmidos e invernos amenos e secos, é chamado de clima tropical sazonal, é quente e quase não venta no cerradoA temperatura média anual varia entre 21ºC e 27ºC. A vegetação apresenta algumas características gerais: ela é normalmente baixa, com plantas esparsas e aparência seca, as arvores possuem troncos tortos, cobertos por uma casca grossa, e folhas grandes e rígidas. Entretanto, como se trata de uma área muito grande, que conta, por exemplo, com variações de relevo, podemos definir alguns tipos diferentes de vegetação que fazem parte deste mesmo bioma. Dentro do bioma do cerrado podem ser encontrados cerradões, campos limpos, campos sujos, campos cerrados, cerrados no sentido amplo, cerrados no sentido restrito, matas secas e matas de galeria ou ciliares. Seu solo é pobre em nutrientes, mas é rico em ferro e alumínio, é profundo, com a cor vermelha amarelada, arenoso, permeável e com baixa fertilidade natural. A superfície do cerrado tem pouca capacidade para absorção água. Mas, por baixo deste solo de antiga formação, está uma grande reserva de água.

Domínio dos Mares e Morros editar

Áreas mamelonares tropicais atlânticas florestadas, este domínio estende-se do sul do Brasil até o Estado da Paraíba, obtendo uma área total de aproximadamente 1.000.000 km². Situado mais exatamente no litoral dos Estados do:  Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, da Bahia,  Sergipe, de Alagoas, de Pernambuco, da Paraíba; e no interior dos Estados, como: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Incluindo em sua extensão territorial cidades importantes, como: São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Salvador, Recife, Porto Alegre e Florianópolis. A maior porção deste domínio esta localizada na região leste do Brasil, o domínio dos mares e morros é conhecido por causa de sua forma, oriunda da erosão, gerada principalmente pela ação das chuvas. Podemos encontrar nesta região a floresta tropical, Mata Atlântica ou mata de encosta, com a presença de uma grande variedade de espécies, a planície litorânea, largamente devastada, onde se destacam as dunas, os mangues e as praias, e serras elevadas, como a Serra do Mar, a Serra do Espinhaço e a Serra da Mantiqueira. No litoral do Nordeste, encontra-se o solo de massapê, muito bom para a prática agrícola, sendo historicamente ligado à monocultura latifundiária da cana-de-açúcar. Apresenta clima tropical típico e tropical litorâneo, bastante conhecido pela atuação da massa tropical atlântica, que se forma no arquipélago de Santa Helena.

Domínio das Caatingas editar

O bioma da caatinga se concentra na região do nordeste brasileiro, ocupa cerca de 12% do total do território nacional, cobre grandes faixas do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e também parte do norte de Minas Gerais. Nessa região o clima é quente e semiárido, são características desse clima a baixa umidade e o pouco volume de chuva, com as prolongadas estações de secas e pouca chuva isso influencia na vida de animais e vegetais. A longa estação seca é bastante quente, com estiagens acentuadas. Esse pluviograma da região de Cabaceiras, na Paraíba, é o mais representativo do clima semi-árido do Sertão nordestino. A região apresenta o menor índice pluviométrico do Brasil, tem o predomínio de tempo seco e temperatura elevada durante o ano todo. A falta de chuvas na Caatinga pode ser explicada pela situação da região em relação à circulação atmosférica, é uma área de encontro ou ponto final de quatro sistemas atmosféricos: as massas de ar Ec, Ta, Ea e Pa. Quando essas massas de ar chegam na região, já perderam quase toda sua umidade, se deve a isso a baixa quantidade de chuvas. O problema da seca se agrava ainda mais devido a presença de rochas cristalinas ou impermeáveis e solos rasos dificultando a formação do lençol freático em algumas áreas. Geralmente quando se fala no atraso socioeconômico dessa região logo nos vem à cabeça os problemas da seca, mas isso não passa de um mito ou uma explicação falsa do subdesenvolvimento nordestino, na realidade, a pobreza nessa região se deve muito mais pelas causas históricas e sociais do que pelas causas naturais. A seca é apenas mais uma agravante, que poderia ser solucionada com o progresso socioeconômico regional.

Domínio das Araucárias editar

O bioma das Araucárias é composto por Planaltos subtropicais, abrange áreas altas do Centro-Sul do País, com os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ocupa áreas pertencentes ao Planalto Meridional do Brasil, as altitudes variam entre 800 e 1.300 metros, apresenta terrenos sedimentares da era Paleozóica, recobertos em parte por lavas vulcânicas datadas da era Mesozóica. Além do planalto arenito basáltico, surge a Depressão Periférica e suas cuestas, onde se observa uma estrutura geológica que alterna camadas de arenito e basalto, que contribui para a ocorrência dos solos de terra-roxa, de elevada fertilidade natural devido à constituição argilosa e ao alto teor de ferro presente em sua constituição. O solo é constituído por relevos salientes, que se formaram pela ação erosiva sobre rochas de diferentes resistências, apresentam uma vertente inclinada e um reverso suave. Os solos desse domínio são de grande fertilidade natural. O clima que predomina neste domínio é o subtropical, ao contrário dos outros climas brasileiros, sua temperatura média não é muito elevada, as chuvas ocorrem durante o ano todo e geralmente são bem distribuídas.

Domínio das Pradarias editar

Constituído por Coxilhas subtropicais com pradarias mistas, localizado no extremo sul do Brasil, também apresenta clima subtropical, sendo portanto marcado pela atuação da massa polar atlântica. Abrange os pampas, Campanha Gaúcha ou Campos Limpos, constituindo-se em um prolongamento dos campos ou pradarias do Uruguai e Argentina, marcados pela presença do solo de brunizens, oriundo da decomposição de rochas sedimentares e ígneas, o que possibilita o desenvolvimento da agricultura e principalmente da pecuária bovina semi-extensiva. É notável também a presença de coxilhas e das matas-galerias nas margens dos rios. Pradaria é uma planície vasta e aberta onde não há sinal de árvores nem arbustos, com capim baixo em abundância, estão localizadas em praticamente todos os continentes, com maior ocorrência na América do Norte. A pradaria brasileira é o pampa, são regiões muito amplas e oferecem pastagens naturais para animais de pastoreio, as principais espécies agrícolas alimentares são obtidas das gramíneas naturais através de seleção artificial. Ocorre em regiões onde a queda pluviométrica é muito baixa para suportar a forma de vida da floresta ou em regiões de floresta onde as questões edáficas favoreçam o desenvolvimento de gramíneas e desfavoreça o de plantas lenhosas, o solo geralmente é cheio de túneis e tocas de animais. Pode-se encontrar as pradarias também ao lado de desertos. O clima nas pradarias varia bastante as pradarias tropicais são quentes durante o ano, mas as pradarias temperadas têm estações quentes e frias. A fauna é constituída por carnívoros e coleópteros.

Áreas de Transição editar

É uma região que fica no meio de duas áreas de características diferentes. A área de transição é como se fosse uma mistura destas duas ou ainda a passagem de uma para a outra. É uma região geográfica que apresenta uma mistura dos elementos naturais, isto é, a região apresenta-se heterogênea e nela se encontra a diversidade nas formas de relevo, do clima, da vegetação, nos tipos de rios ou dos solos. A Mata dos cocais, por exemplo, é uma área de transição que situa-se entre a floresta amazônica, a caatinga e o cerrado, é formada basicamente por palmeiras, destacando-se o babaçu, e a carnaúba, é uma zona de transição em meio as florestas úmidas da Amazônia e o semi árido nordestino, Constitui uma vegetação secundária, devido ao grande desmatamento que tem sofrido. Desde o período colonial, essa região vem sendo explorada economicamente pelo extrativismo de óleo de babaçu e a cera de carnaúba. Mas nos últimos anos isso vem mudando, essa região esta sendo desmatada para o cultivo de grãos voltados para a exportação, com destaque para a soja.

O Agreste é uma área de transição situada entre a zona da mata, que é uma região úmida e cheia de brejos e o sertão semi-árido, nesta região as terras mais férteis são ocupadas por minifúndios, que plantam diversos alimentos para seu próprio consumo e criam gado para a pecuária leiteira, com a produção do queijo e manteiga. Boa parte do Agreste corresponde ao planalto da Borborema, voltada para o oceano Atlântico, recebe ventos carregados de umidade que, em contato com o ar mais frio, provocam chuvas.

O Pantanal é uma área de transição que reúne muitas formações vegetais em seu interior, dentre elas pode-se destacar a floresta tropical, cerrado e lugares inundáveis. Por isso o nome de complexo do pantanal, pois é uma floresta de transição, com várias formações florestais juntas. O Pantanal é um complexo ambiental de grande importância, pois abrange uma enorme diversidade de fauna e flora. Mas o pantanal sofre muito devido as consequências ambientais como a exploração mineral, que polui profundamente os rios, a pecuária e a utilização de enormes monoculturas. O relevo do Pantanal é formado por uma enorme planície, com rios volumosos, o clima é quente, com uma estação chuvosa de novembro a abril e outra de seca de maio a outubro, na estação das chuvas o leito dos rios transbordam e as águas inundam grande parte da planície. Devemos preservar as zonas de transição, pois elas são de extrema importância para a existência dos domínios morfoclimáticos brasileiros, pois estabelecem uma relação direta com a fauna, flora, hidrografia, clima e morfologia, conservando o equilíbrio dos frágeis sistemas ecológicos. Da mesma forma como os climas, que não possuem limites abruptos entre eles, a mudança de uma vegetação para outra ocorre de uma forma gradual, gerando desta forma as Áreas de transição.