O futuro sem software livre ou sobre como adquirimos no mercado a nossa desumanização

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A maneira como interagimos com o mundo mudou drasticamente a partir do momento em que começamos a construir ferramentas. A partir desse momento começamos a interagir com algo diferente a medida em que transformávamos a realidade . Naturalmente nos utilizamos de nossos sentidos para apreender o mundo e perceber sua dinâmica. No entanto, ha muito tentamos subverter suas limitações construindo e utilizando artefatos para amplifica-los. A ciência, uma ferramenta a mais desenvolvida pela nossa interação com o meio, tem tornado possível uma ampliação dos nossos sentidos de maneira artificial. O que poderia nos trazer varias distorções no âmbito psicossocial que só perceberíamos posteriormente. Somos capazes de ver o invisível, de ouvir o inaudível, de dividir o indivisível, temos o poder de realizar tarefas que mesmo Hercules com sua forca sobre humana não realizaria. Seria este Admirável Mundo Novo real ou virtual? Reorganizamos todo o nosso conhecimento e sua representação em torno de uma percepção do mundo que não poderíamos alcançar de maneira direta mas o fazemos através de um mundo virtual construído por uma ciência que se utiliza de sentidos artificiais. Se nos tornamos uma espécie que interage artificialmente com a natureza e ao mesmo tempo e parte dela, seria essa natureza artificial ou o artificial seria natural? Quando interagimos, nos tornamos diferentes, assimilamos algo que torna-se parte de nos. Nesse sentido, quanto mais interagimos com um sistema, mais nos tornamos parte dele e vice versa. O que parece nos conduzir assintoticamente a unidade quando tudo interage com todo o resto do sistema. O computador, um dos dispositivos disponíveis mencionados, tem entre outros, o proposito de nos permitir manipular incríveis quantidades de dados em frações de Segundo, que de outra maneira poderíamos levar o tempo de varias vidas humanas. Ele amplia incrivelmente nossa habilidade de armazenar dados e cria a necessidade de uma unificação precisa de representação do conhecimento onde antes não havia. Já e possível armazenar em um computador pessoal memorias que queiramos colecionar como imagens, sons, impressões subjetivas em texto, frequências cardíacas, pressão sanguínea e um perfil de atividade cerebral associado a tais memorias. O que significa que parte de nos, ou da informação que nos geramos pode ser codificada e recuperada por ele. Isso nos sugere que já podemos viver artificialmente dentro dele. Podemos recriar e destruir o mundo, qualquer mundo, podemos produzir guerras e lutar nelas, contra humanos, criaturas mitológicas ou mesmo extraterrestres. Podemos vencer ou perder nesses combates e ainda permanecer vivos e sem nenhuma chaga. Matar, morrer, continuar matando e morrendo e permitido sem consequências irreversíveis. Além de todas essas ações, podemos ainda trocar todas estas e outras informações com pessoas que frequentemente nem conhecemos através de outro meio. Estamos sendo vigiados em quase toda interação porque num mundo no qual estamos encerrados em chips e cabos, também podemos roubar e ter nossas informações privadas roubadas. Somos um e somos varias pessoas, vivemos mais, experimentamos mais e mostramos mais que uma única identidade. No entanto, em nome dessa “evolução” nos demolimos e matamos o que esta vivo, nos somos quem esta aniquilando nossa débil porção humana para dar lugar a nossa fração de maquina ate que não haja mais tal dicotomia. Nessa transição nos incorporamos o atributo fundamental das maquinas de sermos controláveis. A nossa habilidade de transformar o mundo e a nos mesmos esta sendo direcionada por poucos que frequentemente tem motivações puramente egoístas. Acabamos trabalhando como maquinas consumidoras num sistema que colapsaria sem consumo. Novas necessidades são ditadas pelo Mercado, novas doenças e com elas novas drogas, novos venenos, para os quais somente poucos tem o antidoto, matam nossa humanidade. Mesmo assim ainda somos seduzidos pela ideia do Mercado que seremos super-humanos se obedecermos a regra do consumo, tornando-nos engrenagens tão eficientes quanto maior for a nossa dependencia dos seus produtos e meios produtivos proprietarios.